Artigos de saúde
Neste Artigo:
- Introdução
- Avaliação do risco
- Uso de Medicamentos
- Reabilitação Cardíaca
- Vida Sexual
O infarto do miocárdio (IM) é popularmente conhecido como ataque cardíaco, sendo responsável por grande número de internações hospitalares, e até mesmo mortes, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Isso tem levado os médicos e serviços de saúde a promover melhoria nos cuidados dos indivíduos que apresentam risco aumentado de apresentar um IM, bem como ao estudo e aplicação de medidas que previnem a ocorrência de IM em pessoas que já tiveram um ataque.
Como todo órgão em nosso organismo, o coração, precisa de oxigênio para que suas células funcionem adequadamente. É através dos vasos sanguíneos, mais precisamente, das artérias, que o oxigênio chega aos vários locais em nosso corpo. Cada órgão apresenta sua artéria específica e, no caso do coração, elas são chamadas "artérias coronárias". São duas artérias, a coronária direita e a esquerda.
A aterosclerose é uma doença que acomete as artérias, levando à formação de placas de gordura em sua parede. São vários os fatores de risco para o seu desenvolvimento, como: pressão alta, diabetes, níveis elevados de colesterol no sangue, tabagismo, obesidade, idade avançada, sexo masculino e história familiar positiva. Essas placas vão crescendo para dentro das artérias, reduzindo o espaço para a passagem de sangue. Eventualmente, a placa pode sofrer uma rachadura, fazendo com que ocorra coagulação do sangue no local, reduzindo ainda mais a passagem do sangue, podendo até interrompê-la. É quando ocorre o IM, o sangue é impedido de passar pela placa de gordura e pelo coágulo aderido a ela. A interrupção prolongada do fluxo de sangue faz com que as células que dependem dessa artéria acabem morrendo, formando a região infartada. Essa região "morta" não contrai mais, podendo levar à redução da função do coração.
Indivíduos que já apresentaram um IM têm risco bastante aumentado de um novo infarto, de forma que devem ser submetidos a uma série de cuidados com o objetivo de reduzir esse risco. É extremamente importante que a pessoa siga as recomendações médicas, pois delas depende o bem estar após esse evento. Porém, devemos ter em mente que mesmo após um IM a pessoa pode levar uma vida relativamente normal, sendo capaz de realizar a maioria das atividades que era capaz anteriormente, não existindo motivos para pensar que passará o resto da vida limitado a uma cama.
Quando o indivíduo não apresenta complicações após o IM, geralmente pode voltar para casa após poucos dias de internação hospitalar, até menos de uma semana após o evento. Caso tenha ocorrido alguma complicação, é necessária observação por um período maior. Antes de receber alta do hospital, normalmente o indivíduo é submetido a alguns exames, que ajudam o médico a avaliar o risco de um novo infarto, bem como a gravidade da aterosclerose. Entre eles pode-se incluir:
• Teste ergométrico: realizado em esteira;
• Ecocardiograma;
• Cateterismo cardíaco;
É importante que o paciente e sua família tenham uma conversa franca com o médico, na qual serão explicados todos os aspectos da doença e qual será o plano de tratamento a partir de então. É necessário um acompanhamento médico rigoroso, bem como uma mudança do estilo de vida e introdução de medicamentos.
Como já comentamos, todo indivíduo que sofre um IM apresenta grande risco de recorrência. Existem alguns medicamentos que ajudam a reduzir esse risco, devendo ser utilizadas diariamente. Além disso, alguns ajudam a tratar os episódios de dor. As medicações mais comumente empregadas após o infarto são:
• Aspirina (AAS): esse medicamento é usado com o objetivo de evitar a formação de coágulos sanguíneos, principalmente nas placas de gordura das artérias.
• Beta-bloqueadores: esses medicamentos fazem com o coração bater mais lentamente, reduzindo a necessidade de oxigênio desse órgão. Exemplos: propranolol, atenolol, bisoprolol, metoprolol, etc.
• Antagonistas do cálcio: esses medicamentos são utilizados com os mesmos objetivos que os beta-bloqueadores, naquelas pessoas que não toleram o uso desses últimos. Exemplos: verapamil, diltiazen, nifedipina, etc.
• Inibidor da ECA: esses medicamentos são extremamente importantes, porque reduzem os danos causados pelo infarto ao coração. Exemplos: captopril, enalapril.
• Estatinas: esses medicamentos ajudam a reduzir os níveis de gordura no sangue, especialmente o colesterol. Exemplos: sinvastatina, pravastatina, atorvastatina, etc.
• Nitratos: medicamentos normalmente usados para tratamento durante episódios de dor, sendo utilizados na forma de comprimidos sublinguais.
A reabilitação cardíaca compreende um conjunto de intervenções com benefício comprovado nos pacientes que já tiveram um infarto. Inclui: (1) prática regular de atividade física; (2) mudanças no estilo de vida; e (3) acompanhamento psicológico. Importante ressaltar que os benefícios são obtidos somente quando aplicados TODOS esses componentes.
Como sabemos, a prática de exercícios físicos relaciona-se à manutenção da saúde cardiovascular. Quase todos os pacientes que sofreram um IM são capazes de se exercitar pouco tempo após o evento agudo, e a intensidade e duração dessa atividade física devem ser determinadas com base na gravidade do acometimento cardíaco. Isso permite a criação de um programa adequado para cada paciente. O exercício mais adequado é a atividade aeróbica, incluindo a prática de caminhadas, ciclismo, remada, entre outros. A freqüência é de três a cinco vezes por semana; sempre acompanhados de um período inicial de aquecimento e um período de relaxamento após o exercício. Os indivíduos com doenças mais graves devem exercitar-se sob supervisão médica.
Talvez a parte mais difícil seja a modificação do estilo de vida. Mesmo que o paciente já tenha desenvolvido a aterosclerose, a redução dos fatores de risco ainda é benéfica. Aqui, devemos destacar a adoção de hábitos alimentares saudáveis, visando a perda de peso e a redução dos níveis de colesterol. Deve-se reduzir a ingestão de carnes vermelhas, especialmente as muito gordurosas, óleos animais, manteigas/margarinas, bebidas alcoólicas; e aumentar a ingestão de verduras, frutas, legumes, peixes e óleos sem colesterol (de preferência o azeite de oliva). A interrupção do tabagismo é de extrema importância, ajudando a reduzir a incidência de várias outras doenças.
O acompanhamento psicológico, com o objetivo de ajudar a reduzir o nível de estresse e a lidar com as situações difíceis, é importante e tem sido apoiado pelos estudos que sugerem uma ligação entre o estado emocional e a ocorrência de eventos que levam ao infarto. A depressão é bastante comum entre os pacientes que já sofreram um infarto, e o seu tratamento ajuda bastante.
Essa é uma questão importante, que preocupa grande parte dos indivíduos que já apresentaram um IM. Os pacientes que tiveram um IM sem complicações, geralmente, podem retomar a vida sexual com segurança após 6-8 semanas a partir do evento agudo. Já aqueles que desenvolveram complicações decorrentes do infarto, o risco costuma ser maior, devendo o paciente aguardar a estabilização da doença, antes de reiniciar a prática de relações sexuais. Em qualquer caso, é importante conversar com o médico assistente antes de qualquer tomada de decisão.
A disfunção sexual é comum após um infarto, tanto em homens como em mulheres, levando à redução da prática de relação sexual e da satisfação com a mesma. Isso se deve a diferentes razões: efeito colateral de alguns medicamentos; desenvolvimento de depressão; medo de desencadear novo infarto. Assim, vemos a importância da abordagem psicológica e do acompanhamento médico rigoroso, com esclarecimento das dúvidas.
Finalmente, o uso do sildenafil (Viagra®) é eficaz no tratamento da disfunção erétil ("impotência"), em homens com aterosclerose. Quando utilizado adequadamente, ele não aumenta o risco de morte ou de um novo infarto. Entretanto, esse medicamento NÃO deve ser utilizado por homens que fazem uso fixo ou intermitente de nitratos, para tratar a dor no peito (angina). Existe o risco de queda acentuada da pressão arterial e de desmaio. Caso o indivíduo tenha feito uso do sildenafil, ele não pode usar o nitrato pelo menos nas próximas 24 horas. Quanto a essa e outras questões, recomendamos que cada indivíduo converse com seu médico antes de fazer uso de qualquer medicamento, esclareça as dúvidas e siga corretamente as orientações.
Copyright © 2006 Bibliomed, Inc. 25 de Maio de 2006.
Veja também