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Tratamento da Dor Relacionada com a Raça dos Pacientes nos Estados Unidos

Pacientes de minorias étnicas atendidos em unidades de pronto-socorro recebem relativamente menos medicamentos para a dor, de acordo com um novo estudo publicado na revista Annals of Emergency Medicine.

Médicos da Emory University School of Medicine, em Atlanta, Georgia, EUA, avaliaram retrospectivamente os prontuário médicos de 217 pacientes portadores de fraturas de ossos longos atendidos em um Departamento de Emergências urbano durante um período de mais de 40 meses.

Do total,127 pacientes eram negros e 90 eram brancos. Os pacientes tinham lesões similares e queixas semelhantes de dor. No geral, 43 % dos pacientes negros não receberam analgésicos, enquanto que somente 26% dos pacientes brancos não foram tratados para dor.

Este é o segundo estudo em que se avalia um comportamento racial na prescrição de analgésicos. Um estudo anterior conduzido pelo mesmo grupo na Universidade da Califórnia em Los Angeles descobriu que pacientes hispânicos também recebiam menos analgésicos para tratar o a dor ao serem atendidos nas salas de pronto-socorro.

O líder da pesquisa, o doutor Knox Todd, acredita que a diferenciação racial na prescrição de analgésicos não se deve às diferenças na dor avaliado pelos médicos como relatado pelos pacientes: estereótipos raciais podem de maneira inconsciente e insidiosa atuarem neste momento, afetando o modo como os médicos atendem os pacientes.

Uma outra consideração é que alguns pacientes podem ser encarados como menos merecedores de terem tratada a sua dor: tal é o caso por exemplo, de criminosos feridos durante combate com a polícia ou de pessoas envolvidas em brigas durante o uso de drogas ou álcool.

Um outro ponto a ser investigado é se algumas pessoas agem de modo a que a dor pareça ser menos convincente do que outras, fazendo com que os médicos não deem importância às queixas de dor.

Os autores estão sugerindo que se criem critérios padronizados para a avaliação da dor, eliminando o comportamento racial. Entre as alternativas sugeridas, estaria a criação de guidelines clínicos em que se quantifique a dor em escalas, com recomendações específicas para o uso de analgésicos em cada situação.

Fonte: Annals of Emergency Medicine 2000;35:11-6, 77-81.

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