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A depressão causa risco de problema cardíaco em pacientes com pontes de safena

NEW YORK, 03 de março – Em pacientes que sofreram cirurgia de pontes de safena, a depressão triplica o risco de um novo problema cardíaco no primeiro ano após a cirurgia, relatam pesquisadores dos EUA.

Os resultados sugerem que pacientes submetidos a cirurgia de bypass devem falar com seus médicos que estão se sentindo desanimados, e os médicos devem pesquisar a ocorrência de depressão nestes pacientes.

Durante um procedimento de CABG, os cirurgiões usam veias ou artérias do tórax para criar novas vias de acesso do sangue ao coração, para que ele flua através de artérias bloqueadas no coração, garantindo que o músculo cardíaco receba sangue suficiente para funcionar. O procedimento comumente é realizado em pacientes que têm dor no peito ou que sobreviveram a um ataque cardíaco.

Os estudos mostram que comparados com outros pacientes submetidos à cirurgias de bypass coronário (CABG), aqueles que estão deprimidos apresentam um risco três vezes maior de insuficiência cardíaca, ataque cardíaco ou necessidade de outro procedimento cardíaco no primeiro ano após a cirurgia. Os pesquisadores notam que cerca de 20% dos pacientes submetidos a bypass cardíaco sofrem de depressão enquanto permanecem no hospital.

E mulheres deprimidas estão sob risco ainda mais alto do que os homens, observou a Dra. Ingrid Connerney durante a apresentação dos seus resultados na quinta feira passada no encontro anual da Sociedade Americana de Psicossomática em Savannah, Georgia.

Connerney e colaboradores do Centro Médico da Universidade de Maryland e da Escola de Médicos e Cirurgiões da Universidade Columbia em New York pesquisaram 309 pacientes submetidos ao CABG em busca de depressão antes dos pacientes terem alta do hospital e irem para casa. A equipe contactou os pacientes 12 meses mais tarde para perguntar sobre seus progressos durante os primeiros 12 meses após a cirurgia. Os pesquisadores encontraram que 28.3% dos pacientes deprimidos, comparados com 10.2% dos pacientes não deprimidos, apresentaram um evento cardíaco como dor no peito, insuficiência cardíaca necessitando de hospitalização, ataque cardíaco ou repetição do CABG nos 12 meses após a cirurgia.

"A depressão foi tão importante quanto a baixa fração de ejeção na determinação do risco de eventos cardíacos futuros," disse Connerney à Reuters Health em entrevista durante o encontro. A fração de ejeção é uma medida da forma como o coração está bombeando o sangue. Uma baixa fração de ejeção significa que o coração está com problemas.

Resultados adicionais mostram que 23% das 102 mulheres comparadas com 9% dos 207 homens do estudo relataram eventos cardíacos nos 12 meses após a cirurgia, disse Connerney. De todas as variáveis analisadas – incluindo sexo, depressão, tipo de cirurgia, função cardíaca, o fato de se morar sozinho, e tempo de permanência no hospital – Connerney relatou que "a depressão, baixo funcionamento do coração, e o fato de ser do sexo feminino foram igualmente associados com maior chance de eventos cardíacos nos 12 meses após a cirurgia de bypass coronariano."

Estes resultados mostram que pacientes submetidos ao CABG devem relatar sentimentos de depressão para seus médicos, e os médicos devem estar atentos para os riscos aumentados enfrentados pelos pacientes deprimidos, disse Connerney.

O próximo passo lógico (nesta pesquisa) é investigar se o tratamento da depressão diminui os riscos de eventos cardíacos futuros," observou Connerney em uma declaração.

Publicado em Bibliomed Saúde em 15/03/2000

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