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Fiocruz pesquisa vacina pioneira de DNA contra dengue

14 de Fevereiro de 2003 (Bibliomed). A Fiocruz obteve bons resultados ao testar uma vacina de DNA contra o dengue tipo 2 em camundongos. Entretanto, o novo método de imunização ainda está longe de ser concluído. “Acredito que esse trabalho deva durar uns dez anos. Antes de ser testada em humanos, a vacina deve ser eficaz para os quatro tipos de vírus do dengue existentes no mundo”, advertiu a coordenadora do estudo, Ada Maria Barcelos Alves. Isso porque quando a pessoa é infectada por um tipo de vírus, ela se torna imune a ele, mas continua sujeita às outras três versões da doença.

Estudos mostram que os tipos mais severos da doença – como a hemorrágica, que pode levar à morte – podem estar relacionados a uma segunda infecção. “A imunização contra os quatro vírus, portanto, é essencial para que a vacina não simule uma primeira infecção com um determinado vírus e ocasione uma forma mais grave de dengue quando o indivíduo entrar em contato com um segundo vírus”, explicou a pesquisadora.

Os pesquisadores isolaram alguns genes do vírus tipo 2 e construíram algumas vacinas de DNA, obtendo resultados satisfatórios, segundo a coordenadora dos estudos. O gene isolado foi inserido em um plasmídeo (usado para transmitir informações genéticas de um organismo para outro), que depois de inoculado nos camundongos foi incorporado às células, e o gene clonado serviu de receita para a produção de uma proteína do vírus. Com a presença dessa proteína estranha, o sistema imune do camundongo foi ativado, produzindo uma resposta que permitiu o organismo combater o verdadeiro vírus.

A equipe está testando diferentes plasmídeos para identificar os mais eficientes. Depois, os pesquisadores testarão outros vírus do dengue e, se os resultados forem satisfatórios, as vacinas serão testadas em macacos. Os testes em humanos serão feitos somente depois de todas as garantias.

VACINA PIONEIRA – A vacina gênica é apontada pelos cientistas como a grande promessa de combate às doenças infecciosas, como Aids, tuberculose, esquistossomose, malária e dengue. Mas, apesar de vários países no mundo estarem testando vacinas de DNA para diferentes doenças, ainda não existe nenhuma sendo comercializada.

Esse método é considerado mais eficaz e seguro do que o de vacinas convencionais, que oferecem uma certa margem de risco de que a pessoa acabe contaminada pela doença que se pretende prevenir. Já as vacinas de DNA não apresentam tais riscos, além de gerar uma resposta imune de longa duração, dispensando doses adicionais de vacinas. Outra vantagem da vacina gênica é o custo de produção em larga escala, significativamente menor do que o das vacinas convencionais. O controle de qualidade da vacina gênica também é mais fácil e sua comercialização não necessita de uma rede de refrigeração.

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