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Variação genética aumenta o risco de doenças mentais

16 de Janeiro de 2003 (Bibliomed). Pesquisadores do laboratório de neurociências da Universidade de São Paulo (USP) descobriram provas de que a forma variante de um determinado gene dobraria o risco de surgimento de problemas psiquiátricos graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar – uma doença que alterna momentos de tristeza com sentimentos de euforia. Pesquisas anteriores já haviam detectado cerca de 30 genes relacionados a doenças mentais, que causam problemas psiquiátricos quando sofrem alterações. Mas o novo estudo é considerado importante porque ajuda na compreensão dos mecanismos de desenvolvimento das doenças.

Na primeira pesquisa, os cientistas analisaram o DNA de 164 portadores de distúrbio bipolar e o de 148 pessoas que não sofrem da doença, e constataram que uma pequena variação no gene ALOX-12 dobra o risco de desenvolvimento da enfermidade. Segundo o estudo, o gene alterado leva a troca do aminoácido arginina pela glutamina, modificando a ação de uma enzima cuja produção é determinada pelo ALOX-12. Aparentemente, a alteração no aminoácido faz com que a enzima ordene a morte de células nervosas saudáveis, desencadeando a doença. O pesquisador Emmanuel Dias Neto explicou que a morte programada das células faz parte do desenvolvimento do organismo, mas enquanto a diminuição desse processo está relacionada com doenças como o câncer, uma aceleração pode causar transtorno bipolar e mal de Alzheimer.

No segundo estudo, em que os cientistas avaliaram portadores de esquizofrenia - doença caracterizada por alucinações e pensamentos desordenados, os resultados iniciais indicam que a alteração genética aumentaria em 50% as chances de desenvolvimento da doença. A pesquisa dos brasileiros abre caminho para o diagnóstico precoce das doenças mentais e o cientista Wagner Gattaz acredita que, com os progressos da biologia molecular, será possível identificar os grupos de genes de risco, além de detectar e prevenir os problemas psiquiátricos. Estima-se que a esquizofrenia, assim como o distúrbio bipolar, esteja presente em 1% da população mundial. No Brasil, cada uma das doenças atinge cerca de 800 mil pessoas.

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