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Revista médica critica métodos de comunicação científica

12 de Junho de 2002 (Bibliomed). A última edição do Journal of the American Medical Association (Jama), que começou a circular na semana passada, faz um alerta sobre a divulgação prematura de resultados de pesquisas científicas. Dois pesquisadores do Centro Médico do Departament of Veterans Affairs, nos Estados Unidos, examinaram 127 comunicados que anunciaram à imprensa o resultado de estudos. Segundo eles, algumas pesquisas divulgadas têm seus resultados apresentados prematuramente e de forma exagerada, além de não conter explicações claras sobre os limites do estudo. Os pesquisadores que fizeram a avaliação crítica da cobertura dada pela imprensa às pesquisas – Steven Woloshin e Lisa Shwartz – afirmam que alguns trabalhos sequer apresentam a opinião de outros especialistas que não estiveram envolvidos nos estudos. Uma parte das pesquisas publicadas também não explicava os conflitos de interesse.

De 147 estudos apresentados em cinco eventos importantes em 1998, um quarto foi divulgado na primeira página de um jornal tradicional. No entanto, um terço das pesquisas envolvia poucos participantes ou se baseava em experiências de laboratório ou com animais. Três anos após essa divulgação, apenas metade dos estudos foi publicada em revistas científicas importantes. Cerca de 25% nem chegaram a ser publicadas. A divulgação inadequada de informações, segundo os pesquisadores, é perigosa, já que dá esperança aos pacientes e pode incentivar a adoção de tratamentos que ainda não tiveram a eficácia e a segurança comprovadas. Como muitos projetos são divulgados ainda no início dos estudos, as expectativas anunciadas podem não ser comprovadas ao longo dos testes.

A falha, para Woloshin e Shwartz, não é apenas da imprensa, mas também das revistas científicas, que divulgam notas à imprensa sem esclarecer as limitações das pesquisas e a origem dos financiamentos. Outros 359 artigos sobre novos tratamentos, publicados em revistas científicas no período de 1989 a 1998, foram avaliados por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia. Os especialistas afirmam que foram priorizadas as estatísticas mais favoráveis. Jim Nuovo, que participou das avaliações, alerta que os próprios médicos e também seus pacientes devem exigir a publicação completa dos resultados de pesquisa. Essa seria a única forma de saber com clareza quais as vantagens e os riscos dos novos tratamentos descobertos. O pesquisador lembra que muitos estudos têm resultados complexos, que não têm como ser explicados por uma única estatística.

Os próprios editores das revistas médicas confirmam o quadro apresentado. Richard Horton, da revista londrina The Lancet, afirma que acompanhou o resultado de trabalhos publicados pela revista no ano 2000. Segundo Horton, as divergências de opinião existem até mesmo entre os colaboradores do mesmo trabalho.

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