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UFPR inaugura centro de pesquisa sobre câncer infantil

31 de Maio de 2002 (Bibliomed). Para estudar novas formas de diagnóstico precoce e tratamento do câncer infantil, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) inaugurou este mês, em Curitiba, o Centro de Genética Molecular e Pesquisa do Câncer em Crianças (Cegempac). O investimento total foi de R$ 1,3 milhão. De acordo com o diretor do Cegempac, Bonald Figueiredo, o primeiro objetivo é desenvolver pesquisas para diagnosticar com maior rapidez o surgimento dos cânceres que atingem crianças. Depois, os pesquisadores vão tentar encontrar novas formas de tratamento.

O Centro conta com o apoio do Saint Jude Children’s Research Hospital, de Memphis (EUA), considerado o maior hospital de câncer em crianças do mundo. Segundo o diretor do hospital norte-americano, o paranaense Raul Ribeiro, o Saint Jude forneceu grande parte dos equipamentos do Cegempac, além de oferecer treinamentos e complementar o salário dos profissionais que se dedicam em tempo integral à pesquisa. Hoje, 12 pessoas trabalham no Centro.

O primeiro trabalho, que já vinha sendo pesquisado por Ribeiro e, posteriormente, por Figueiredo, é o do tumor do córtex supra-adrenal (uma glândula localizada acima dos rins). Esse tipo de câncer é praticamente inexistente nos Estados Unidos, mas encontrado com certa freqüência no Paraná e na região de Jundiaí (SP), onde foram registrados mais de 100 casos desde 1990.

Segundo Ribeiro, pensava-se inicialmente que o tumor era resultado de uma mutação causada pelo meio ambiente. Os estudos revelaram, porém, que uma alteração do código genético, há cerca de 100 anos, é responsável por esse tipo de câncer. Cerca de 20% das crianças que têm a mutação hereditária desenvolvem o tumor. Metade delas ficam curadas. Quando o diagnóstico é feito rapidamente, antes do crescimento do tumor, o índice de recuperação chega a 90%.

A anomalia na glândula supra-adrenal produz aumento de hormônios, levando a criança a adquirir características de adulto masculino, inclusive as meninas. Sem o diagnóstico precoce, o tumor somente seria percebido a partir das alterações físicas, quando as chances de cura são mais restritas. Os estudos privilegiam parentes das pessoas que apresentaram alteração no DNA, visando à detecção precoce.

O trabalho desenvolvido pela equipe do Hospital de Clínicas já tinha conseguido baixar o custo desse exame de US$ 700 para R$ 20 e o tempo de entrega de 20 dias para apenas três horas. Com a chegada dos novos equipamentos e a ampliação do espaço físico de 120m2 para 500m2 , o Cegempac pretende ser referência no Sul do País. Os pesquisadores pretendem ainda ampliar os estudos sobre leucemia infantil, que representa um terço dos casos de câncer em crianças no Brasil.

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