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Fiocruz vai produzir mais dois anti-retrovirais do coquetel

13 de Maio de 2002 (Bibliomed). Um acordo entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o laboratório Cristália vai permitir que o Far-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz) inicie a produção de dois medicamentos anti-retrovirais que fazem parte do coquetel distribuído aos pacientes com Aids. O laboratório Cristália vai transferir para Far-Manguinhos a tecnologia e as informações sobre a produção dos medicamentos Ritonavir e Saquinavir. Em troca, a indústria farmacêutica terá direito a participar de um estudo feito pelo Far-Manguinhos e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para desenvolver medicamentos anti-retrovirais com tecnologia totalmente brasileira. Quando as pesquisas terminarem, o Cristália poderá comercializar os medicamentos desenvolvidos.

O entendimento entre a Fiocruz e a indústria farmacêutica vai garantir uma economia significativa – entre 15% e 20% – ao Ministério da Saúde nos gastos com a compra dos dois medicamentos. Em 2001, o governo pagou R$ 32,3 milhões para adquirir o Ritonavir e o Saquinavir. Quando Far-Manguinhos estiver produzindo os dois anti-retrovirais, a expectativa é de que R$ 6,5 milhões sejam economizados anualmente.

Hoje, o Brasil gasta R$ 610 milhões com a compra de medicamentos para a Aids. Para diminuir os custos do coquetel, a Fiocruz já produz sete dos 12 itens distribuídos. Alguns medicamentos ainda possuem o direito de patente protegido. Mesmo assim, o governo conseguiu uma redução nos custos de dois produtos, ao ameaçar a quebra das patentes, e continua em negociação para conseguir preços menores. Atualmente, o Ministério negocia uma licença de produção com o laboratório Glaxo, que fabrica dois medicamentos. O Ministério quer autorização para fabricá-los sem precisar pagar royalties. Se o governo brasileiro fosse importar todos os medicamentos que compõem o coquetel contra a Aids o gasto anual seria superior a R$ 1,3 bilhão. O coquetel é distribuído atualmente a cerca de 100 mil brasileiros. A Fiocruz acredita que o acordo com o Cristália vai encurtar o tempo para a produção dos anti-retrovirais, já que Far-Manguinhos não vai precisar desenvolver a tecnologia de produção.

O estudo feito pela Fiocruz e a UFRJ, acessível agora ao Cristália, pretende desenvolver inibidores de protease – medicamentos que retardam o desenvolvimento do HIV no organismo – com tecnologia brasileira. Sete moléculas estão sendo pesquisadas. Antes de serem testados em seres humanos, os inibidores de protease precisam ser submetidos a testes de toxicidade. A expectativa é de que os produtos cheguem ao mercado em cinco ou seis anos. O Far-Manguinhos desenvolve medicamentos essenciais para o combate a doenças como Aids, malária, leishmaniose, tuberculose, diabetes, doença de Chagas, herpes e esquistossomose.

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