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Inaugurada rede de apoio a médicos dependentes químicos

09 de Maio de 2002 (Bibliomed). Desde o início desta semana, os médicos de São Paulo usuários de álcool e drogas podem contar com a ajuda da Rede Estadual de Apoio a Médicos Dependentes Químicos. Os profissionais têm à disposição um serviço 24 horas, durante todos os dias da semana. O primeiro contato é feito por telefone e, em seguida, os médicos são encaminhados para tratamento com uma equipe composta por 20 psiquiatras voluntários e 10 serviços especializados em dependência química, ligados a universidades ou clínicas particulares, que darão assistência gratuita ou com desconto.

O estresse inerente à profissão médica, os plantões e as jornadas de trabalho extenuantes, o acúmulo de empregos, a tensão causada pela responsabilidade nas tomadas de decisões e a falsa sensação de autocontrole estão entre os motivos que podem levar o médico à dependência química.

Segundo especialistas, os médicos dependentes têm dificuldade de procurar ajuda e, quando o fazem, buscam auxílio tardiamente. Hoje trabalham no estado de São Paulo 85.000 médicos, mas não existem estimativas sobre o número de dependentes químicos.

Criada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Rede de Apoio é uma tentativa de prevenir e tratar os casos de dependência química no meio médico. A expectativa do Cremesp é diminuir os casos de “interdição”, procedimento administrativo que suspende temporariamente o exercício profissional de médicos por motivos de saúde.

Sob a coordenação do psiquiatra Ronaldo Laranjeira, responsável pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp, está sendo feito também um trabalho de sensibilização de diretores clínicos e membros de comissões de Ética de hospitais. A idéia é padronizar as condutas para identificação do problema, acolhimento do médico dependente, diálogo e encaminhamento para tratamento adequado.

Pesquisa

Em setembro do ano passado, o Cremesp e a Unifesp divulgaram estudo que traçou o perfil do médico dependente químico, usuário de álcool e drogas. Foram obtidas informações de 206 médicos que buscaram espontaneamente tratamento em São Paulo. A maioria era composta por homens, casados, com idade média de 39 anos e internação clínica prévia devido à dependência. Entre as substâncias mais consumidas, estão álcool, cocaína, benzodiazepínicos, maconha, opiáceos e anfetaminas, nesta ordem.

Segundo a Unifesp, cerca de 30% dos médicos pesquisados tinham perdido o emprego durante algum período nos doze meses anteriores à consulta. As especialidades médicas mais comuns entre os dependentes químicos são: clínica médica, anestesiologia, cirurgia, pediatria, ginecologia e obstetrícia, e psiquiatria. Cerca de 30% dos profissionais também sofriam de depressão, transtorno afetivo ou de personalidade. A maioria deles se queixou ainda de problemas no casamento e no exercício profissional.

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