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Obesidade em crianças predispõe ao diabetes

Belo Horizonte, 21 de Março de 2002 (Bibliomed). O mito de que uma criança gordinha era sinal de saúde já caiu há muito tempo. Os riscos da obesidade, tanto em adultos quanto em crianças, têm sido cada vez mais evidenciados, e a busca da manutenção de um patamar saudável de peso deve ser objetivo de pessoas de todas as idades, desde bebês até idosos.

Agora é a vez de demonstrar a ligação entre obesidade infantil e em adolescentes e o risco de diabetes. Sabia-se que adultos obesos estavam mais predispostos a desenvolver uma condição pré-diabética chamada intolerância à glicose, devido à perda da sensibilidade à insulina. A insulina é o hormônio responsável por retirar o açúcar do sangue – a glicose – da circulação e permitir sua entrada nas células, onde é metabolizada para formação de energia. Quando o indivíduo se torna intolerante à glicose, significa que o corpo não está mais reconhecendo adequadamente a atividade da insulina. Isto provoca aumento gradativo dos níveis de açúcar no sangue – o diabetes – que vai causando danos acumulativos em vários órgãos, aumentando o risco de doença cardíaca, insuficiência renal, cegueira e amputações de membros. Quanto mais cedo a pessoa desenvolve intolerância à glicose e diabetes, mais tempo de sua vida passa exposta aos danos provenientes do excesso de açúcar, e mais cedo irá poderá desenvolver complicações.

Este estudo encontrou que uma em cada quatro crianças abaixo de 10 anos que eram extremamente obesas e um em cada cinco adolescentes com menos de 18 anos obesos apresentava intolerância à glicose. O encontro de intolerância à glicose em crianças e adolescentes é algo bastante preocupante. Isto significa que estes indivíduos irão permanecer expostos aos danos do diabetes durante a maior parte de suas vidas, e que irão apresentar complicações mais cedo, provavelmente durante seus anos de vida mais produtivos.

A grande culpada por este aumento na intolerância à glicose é a obesidade, que já se tornou epidemia mundial. O efeito da obesidade na saúde de adultos está sendo cada vez mais documentado através de estudos, e agora também na população infantil e adolescente.

O estudo incluiu crianças e adolescentes brancos, negros e hispânicos, e não foram encontradas diferenças devido à raça. Quatro por cento dos adolescentes obesos foram descobertos como portadores de diabetes estabelecido, e 25% das crianças e 21% dos adolescentes gravemente obesos apresentaram intolerância à glicose.

A boa notícia é que alterações significativas na dieta e aumento da prática de exercícios freqüentemente podem reverter as alterações que levam à intolerância à glicose, o que, por sua vez, pode retardar ou mesmo impedir o aparecimento do diabetes tipo 2 – tipo adulto – e suas conseqüências danosas.

A obesidade é uma doença muito difícil de tratar, já que envolve múltiplos fatores como questões sociais, psicológicas e familiares. Mesmo quando tratadas eficientemente, as pessoas tendem, com o tempo, a voltar a ser obesos. Grandes esforços a nível individual e de saúde pública devem ser empregados na prevenção e tratamento da obesidade, já que a mesma tem se mostrado, cada vez mais, a grande vilã em termos de saúde global do indivíduo. As mudanças nos hábitos de vida das últimas décadas têm favorecido em muito o surgimento desta condição, e todo o possível deve ser feito para se reverter este quadro. Do contrário, assistiremos a um aumento assustador da incidência de doenças como doenças cardíacas, artrite, hipercolesterolemia (colesterol alto) e mesmo o diabetes, em indivíduos cada vez mais jovens.

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