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Grávidas transmitem HIV para bebês por não receberem tratamento adequado

Belo Horizonte, 20 de Fevereiro de 2002 (Bibliomed). Uma recente pesquisa realizada pela Coordenação Nacional de Aids revelou que as grávidas portadoras de HIV que tiveram filhos no ano passado não receberam tratamento adequado para evitar a transmissão do vírus para os bebês. De cada dez mulheres soropositivas que deram à luz, menos de quatro receberam AZT injetável na hora do parto. Esse procedimento pode reduzir as chances de contaminação de 25% para quase zero.

Das 17.198 grávidas portadoras de Aids, o Brasil tratou apenas 5.950 no ano passado. Além da baixa porcentagem de tratamento, o levantamento do Ministério da Saúde também revela diferenças regionais. Enquanto em São Paulo, 60% das mulheres HIV positivas foram tratadas, no Amapá e em Alagoas, por exemplo, nenhuma mulher grávida recebeu AZT para evitar a transmissão. Para Raldo Bonifácio Costa Filho, da Coordenação Nacional de Aids, esta situação mostra que a preocupação com a doença está concentrada nos estados do Sul e Sudeste do País.

A transmissão do vírus da Aids durante o parto pode ser evitada se desde o início da gravidez a mulher tomar algumas providências. Durante o pré-natal ela deve fazer o teste para saber se está com vírus. Se ele for encontrado, os médicos avaliam se a grávida deve ou não ser tratada. Na hora do parto deve ser aplicado o AZT na mulher. A criança, por sua vez, nos primeiros meses de vida, também deve tomar um xarope com o mesmo remédio.

No Programa de Assistência Integrada à Gestante HIV Positiva, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a taxa de transmissão da mãe para o filho caiu de 39,8% para 1,6% desde 1997.

Mesmo com resultados tão positivos, existem falhas no sistema de teste de HIV, que deveria estar disponível para todas as grávidas em qualquer hospital brasileiro, como ressalta Susie Andries Nogueira, coordenadora do programa no hospital do Rio.

Mesmo o teste rápido, oferecido pelo Ministério da Saúde como último recurso momentos antes da realização do parto, não está disponível para todas as grávidas em qualquer hospital brasileiro. Esse teste está em falta porque o estoque do ministério acabou.

O problema é consequência de uma briga judicial entre órgão e uma empresa fornecedora de kits para teste, que contesta a última licitação feita pelo governo.

Até o final desde mês, o governo espera resolver a situação e adquirir cerca de 90 mil testes que poderão repor os estoques por, pelo menos, três meses. Entretanto, os testes só serão adquiridos se houver aprovação do Banco Mundial para a compra.

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