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Mulheres buscam parceiros semelhantes a seus pais

Belo Horizonte, 24 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Na verdade Freud, o pai da psicanálise, poderia estar mais certo do que imaginava. Segundo ele, as mulheres tendiam a imaginar o pai, na infância, como o parceiro ideal, inclusive alimentando fantasias de tomá-lo da mãe e mesmo competindo com ela pela atenção dele.

Estas fantasias, segundo ele, ocorreriam ao nível da imaginação infantil, não necessariamente representando desejos incestuosos. Com o desenvolvimento da menina até tornar-se mulher, esta comparação continuaria acontecendo a nível inconsciente, até se tornar resolvida com a idade adulta. Freud limitava suas observações e conclusões ao nível do inconsciente das pessoas, ou seja, na forma com que elas construíam sua realidade interior.

Fato interessante é que cientistas estão observando, tantos anos depois, mais uma pista desta referência masculina: a de que as mulheres preferem parceiros que tenham cheiro parecido com o de seus pais.

Cientistas americanos, que acreditam que as mulheres selecionem pelo odor seus parceiros ideais, observaram que as mulheres tendiam preferir homens com cheiro semelhante, mas não igual, ao cheiro de seus próprios pais.

A explicação para este fenômeno estaria no sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo: um homem que tivesse um cheiro parecido com o de seu pai provavelmente teria um sistema imunológico mais compatível com o dela do que um homem com um cheiro estranho, e assim a combinação dos sistemas imunológicos dos dois seria mais aceitável. Além disto, o sistema imunológico do pai tem “eficiência comprovada”, já que o mesmo foi capaz de sobreviver e gerar filhos, e esta eficiência também é importante em termos de instintos de sobrevivência e preservação da espécie.

Mas por que, então, elas não se sentiam atraídas por homens com cheiro igual ao de seus pais, ou pelo próprio cheiro de seus pais? A explicação agora é evolutiva: se o cheiro fosse igual, ou do próprio pai, os filhos que a mulher porventura viesse a ter com este homem não teriam características variadas o suficiente para torná-los mais adaptados, mais resistentes ou mais bem sucedidos no ambiente. Na verdade, os genes desta criança seriam muito semelhantes ao do pai dela, o que não é interessante em termos de evolução e de natureza.

Estas descobertas, entre tantas outras, vêm demonstrar que os nossos instintos naturais não estão tão adormecidos assim: a preservação da espécie, que significa poder produzir filhos mais adaptados e mais fortes, parece gerir mais nossos gostos e comportamentos do que talvez queiramos admitir.

O estudo, publicado na revista Nature Genetics, comparou as preferências de 49 mulheres, que foram levadas a escolher o cheiro de homens que não conheciam e selecionar o que mais lhe agradasse. O cheiro foi apresentado em uma camiseta, que estes homens utilizaram por duas noites, enquanto dormiam. O cheiro selecionado por cada mulher era mais semelhante ao de seu próprio pai do que os demais, porém não era idêntico.

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