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Conjuntivite: mal comum em tempos de seca e poluição

São Paulo, 06 de Junho de 2001 (eHealthLA). Com a chegada do inverno e a persistência da seca que assola o Brasil, os habitantes de cidades como São Paulo, onde a poluição fica suspensa no ar sem umidade, sofrem ainda mais com doenças como a conjuntivite alérgica e irritativa.

De acordo com o Dr. Paulo Augusto Arruda Mello, oftalmologista e professor da Escola Paulista de Medicina, o ar muito seco e a poluição aumentam a procura por atendimento em função dos sintomas olho vermelho, ardor, lacrimejamento, secreção, prurido e sensação de corpo estranho, típicos da conjuntivite.

Conjuntivite é toda e qualquer inflamação da conjuntiva (membrana transparente que recobre o terço anterior da esclera, ou seja, aquela parte branquinha do olho, que lhe dá estrutura) e da face interna das pálpebras, explica o Dr. Paulo, também vice-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Ela tanto pode ser de origem infecciosa (viral, bacteriana), quanto ser alérgica, irritativa, tóxica ou reativa, sendo estas últimas mais incidentes nas condições climáticas que estamos vivendo.

A causa mais comum de inflamação da conjuntiva (ou conjuntivite), é a penetração de um corpo estranho ou de poeira excessiva.

A irritação resultante provoca aumento da secreção e afluxo de sangue (que traz células de defesa para combater a invasão de microorganismos). Além de corpos estranhos, certos microorganismos (bactérias, vírus) poderão produzir efeitos semelhantes.

Além disso, alerta o médico, pessoas que lidam com computador ou que desempenham qualquer atividade que exige o esforço prolongado dos olhos, como a leitura ou a TV, a deficiência de iluminação, acabam piscando muito pouco, o que também propicia a conjuntivite, especialmente em ambientes ainda mais ressecados pelo ar condicionado. Os usuários de lentes de contato também são vítimas comuns deste tipo de irritação conjuntiva.

Atenção para o uso de colírios com cortisona

O Dr. Paulo chama especial atenção para o uso inadvertido de colírios que contenham cortisona na sua fórmula. Como estes colírios tem a propriedade de diminuir a sintomatologia da conjuntivite irritativa e alérgica, eles acabam “indo para o armarinho e sendo usados cronicamente”, relata o oftalmologista, que alerta que “a cortisona usada cronicamente diminui a defesa do olho, deprime as suas defesas e propicia o aparecimento de infecções, que podem causar glaucoma e catarata e levar a cegueira”.

De acordo com o médico, “o alérgico acaba aprendendo que a cortisona proporciona alívio e, em conseqüência disto, pegamos muitos pacientes que perderam a visão em função do seu uso indiscriminado.

Mesmo que um médico algum dia tenha prescrito este tipo de colírio, muitas vezes ele não orienta o paciente a parar de usa-lo ao fim do tratamento e ele acaba usando esta medicação cada vez que sente uma irritação”.

Em qualquer hipótese, o Dr. Paulo recomenda que sempre se consulte um oftalmologista para tratar as irritações do olho. “Se for conjuntivite irritativa, por exemplo, indica-se somente lágrimas artificiais, um tipo de colírio que não contém cortisona e serve apenas para lavar o olho.

Existe uma série de colírios anti-alérgicos, também, que podem ser prescritos. No entanto, se for conjuntivite infecciosa, o tratamento é outro e precisa ser administrado rapidamente, pois pode trazer sérias conseqüências, levando até a cegueira”, explica.

Tratamentos caseiros, como compressas, também devem ser feitos com muito cuidado. “Sempre ferva a água antes de resfria-la para usar em uma compressa.

Uma compressa com agentes bacterianos pode transformar uma simples conjuntivite irritativa, causada pela poluição e ar seco, em uma conjuntivite infecciosa, muito mais grave”.

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