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Inca Abre Banco de Células-Tronco Para Transplante de Medula

15 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). O Instituto Nacional de Câncer (Inca) inaugurou na quarta-feira, no Rio de Janeiro, o Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário.

A expectativa é que em dois anos o setor já tenha quantidade suficiente e possa fornecer células-tronco compatíveis para transplante de medula óssea, informaram especialistas da instituição.

Segundo o coordenador do projeto, Luiz Fernando Bouzas, o banco será formado com doações voluntárias e autorizadas. O material será recolhido diretamente de placentas durante partos realizados na Maternidade Carmela Dutra, na capital fluminense, e o estoque estará disponível gratuitamente a pacientes de todo o Brasil que necessitem de transplante de medula e que sejam aprovados nos testes de compatibilidade.

Um pouco antes do nascimento, as células-tronco estão circulando no sangue e se concentram no cordão umbilical, de onde podem ser recolhidas.

Essas células, também chamadas pluripotenciais, são capazes de regenerar a medula.

O material será recolhido por quatro enfermeiros especializados da equipe do Inca. Após a identificação, o sangue é submetido a um processo de separação para isolar a camada leucocitária que contém as células-tronco. As células passam por um tratamento para protegê-las do congelamento e, na primeira fase, são levadas a uma temperatura de 60 graus Celsius negativos.

O armazenamento é feito em tanques de nitrogênio com temperaturas que variam entre 160 e 180 graus Celsius negativos. As doadoras e seus filhos serão acompanhados por três meses para que seja afastada qualquer possibilidade de infecções não detectadas até o parto.

O Inca faz parte da rede BrasilCord, composta por instituições que também estão implantando bancos de células: quatro em São Paulo e um em Curitiba. "É importante diversificar os pontos de coleta para aumentar as chances de compatibilidade", explicou Bouzas.

Para o especialista, além da redução dos custos de obtenção da medula, que podem chegar a 30 mil dólares em casos em que é preciso importar o material, a coleta de células em vários pontos do Brasil amplia a diversidade genética das amostras.

Segundo Bouzas, as equipes que trabalham no projeto estão tentando envolver o Sistema Único de Saúde para que as instituições tenham ressarcimento da despesa de manutenção do serviço. O custo por unidade (bolsa) de células é de 3.000 reais incluindo desde a coleta até a armazenagem por um período estimado de 15 anos, informou o coordenador.

"No futuro, poderemos manipular esse material e usar técnicas de proliferação em laboratório para garantir que a quantidade de células seja suficiente para o sucesso do transplante", disse Bouzas. "Quem tiver disponibilidade de material vai poder desenvolver tecnologia para produzir órgãos e tecidos", explicou o especialista.

Segundo informações do Inca, atualmente existem mais de 10 mil pessoas com leucemia no Brasil. Pela diversidade genética da população e pelo reduzido número de doadores cadastrados, a possibilidade de um paciente que não tem parentes compatíveis encontrar um doador é de 0,12 por cento.

Pelas estatísticas do Instituto, cerca de 700 pessoas com doadores já identificados esperam leitos para serem submetidos ao transplante de medula óssea nos 17 centros de transplante do país. Há cerca de 500 pacientes cadastrados pelo Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome) que ainda não encontraram doador.

O Brasil realiza 700 transplante de medula óssea por ano, sendo que, no ano 2000, 92 foram realizados pelo Inca.

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