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Tratamento Anti-HIV da Manhã Seguinte não Incentiva Descuido

15 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). Nos últimos anos, os médicos têm verificado que podem evitar a infecção por HIV começando o tratamento com drogas logo depois de uma suposta exposição ao vírus.

Entretanto, o fato de o tratamento preventivo ser eficaz pode dar às pessoas uma falsa impressão de segurança e levá-las a um comportamento mais arriscado.

Um novo estudo mostrou que o método anti-HIV, conhecido como profilaxia pós-exposição, foi de fato associado a uma redução no comportamento de alto risco entre mais de 400 indivíduos.

"Há uma preocupação teórica de que as drogas poderiam ser usadas como a pílula do dia seguinte, uma maneira fácil de a pessoa se proteger e, dessa forma, ser capaz de ter repetidamente comportamento de alto risco.

Não verificamos esse abuso", disse o chefe da pesquisa J. N. Martin, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, à Reuters Health.

O pesquisador informou que a profilaxia pós-exposição teve início entre profissionais da saúde expostos ao HIV no trabalho.

Agora, os pesquisadores estão observando se os benefícios podem ser estendidos a pessoas que poderiam ter tido contato com o vírus através do sexo ou do uso de drogas injetáveis. Martin apresentou o trabalho recentemente em Chicago, durante a 8a. Conferência sobre Retroviroses e Infecções Oportunistas.

A equipe acompanhou indivíduos submetidos a quatro semanas de tratamento anti-HIV, cujo início ocorreu em até 72 horas após a suposta exposição ao vírus. O estudo envolveu principalmente homens homo ou bissexuais.

Os pesquisadores verificaram que seis meses depois, 74 por cento dos homens homo ou bissexuais informaram uma redução no comportamento sexual de alto risco. Cerca de 10 por cento relatou um aumento neste tipo de prática. Os números permaneceram quase os mesmos após um ano.

Martin disse à Reuters Health que compreendia as preocupações com a possibilidade de que este novo uso das drogas anti-HIV como um instrumento de prevenção pudesse levar a um aumento no comportamento de risco e da infecção, mas acha que há boas razões para evitar essa inversão da profilaxia pós-exposição.

"As drogas são caras, têm efeitos colaterais e, mesmo que funcionem em um episódio, não serão 100 por cento eficazes", disse o pesquisador. "Se as drogas fossem distribuídas livremente, o resultado poderia ser a quebra do sistema de saúde", disse Martin.

Para o pesquisador, as conclusões do trabalho deveriam reafirmar que a profilaxia pós-exposição não terá as consequências terríveis temidas por alguns.

"Verificamos que, embora uma pequena minoria tenha abusado da disponibilidade do medicamento, a grande maioria não o fez, e apontamos isso como uma evidência para acalmar as preocupações das pessoas", disse o pesquisador.

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