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Aumento de Suicídios nos Feriados é Mito da Mídia

Por Charnicia E. Huggins

NOVA YORK (Reuters Health)
- Ao contrário do que afirmam muitas reportagens, as taxas de suicídio não aumentam nos feriados de fim de ano. Na realidade, "a maior concentração de suicídios é em abril", disse à Reuters Health Herbert Hendin, diretor médico da Fundação Americana para Prevenção do Suicídio.

Mesmo assim, declarações como "todos sabem que as taxas de suicídio são maiores nas semanas entre o Dia de Ação de Graças e logo após o Ano Novo", apareceram em dois terços das reportagens escritas entre os feriados de 8 de novembro de 1999 a 15 de janeiro de 2000, segundo a equipe de Kathleen Hall Jamieson.

Os pesquisadores realizaram uma pesquisa com auxílio de computador que identificou 67 reportagens que mencionaram uma associação entre suicídios e os feriados de fim de ano.

"Os jornalistas não deveriam perpetuar o mito de que os suicídios aumentam durante os feriados de fim de ano", disse Jamieson, diretora do Annenberg Public Policy Center (Centro de Política Pública Annenberg), da Universidade da Pensilvânia.

"Mesmo que as histórias publicadas associem feriados como Natal a suicídio, os repórteres que entrevistarem especialistas vão descobrir que isso não é verdade", acrescentou a pesquisadora.

Não existem evidências de que os motivos para o suicídio sejam diferentes durante os feriados que em qualquer outro momento do ano, concordou Hendin. "Ainda assim, ano após ano, as histórias continuam aparecendo."

Menos de 20 por cento dos artigos que associaram suicídios a feriados natalinos citaram pesquisas com explicações plausíveis para a suposta correlação, declararam os autores.

A maioria destas histórias, 55 por cento, atribuiu os suicídios à "depressão dos feriados". Um número menor, 26 por cento, citou a maldição do milênio e 17 por cento mencionou o excesso de bebida nos feriados como causas possíveis.

Algumas pessoas podem "assumir erroneamente" que a dor causada pela perda de pessoas queridas contribui para o aumento dos suicídios, mas estas circunstâncias levam à "tristeza, não ao suicídio", disse Hendin.

Somente um quarto das histórias "identificou a depressão ou outro problema crônico de saúde mental como a causa subjacente mais provável do suicídio", segundo a equipe de Jamieson. Apenas 34 por cento ofereceu conselhos precisos de prevenção ao suicídio, como estimular as pessoas deprimidas a procurar tratamento médico.

Ao fim dos feriados, quando as estatísticas de suicídio não aumentam, a mídia usa frases como "surpreendentemente não houve aumento", apesar de não ter havido crescimento nos últimos 25 anos, observou Hendin.

Sinopse preparada por Reuters Health

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