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Mundo Subestimou Epidemia de Aids, Segundo a ONU

Por Patricia Reaney

LONDRES (Reuters) - A epidemia de HIV/Aids infectou 36 milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo 5,3 milhões de novos casos só este ano, ultrapassou muito as previsões mais pessimistas, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) na terça-feira.

A entidade afirmou que o número de casos de HIV e da Aids era 50 por cento mais alto do que os especialistas previram há uma década, a despeito dos avanços em tratamentos e prevenção.

"O mundo claramente subestimou o quão devastadora a epidemia seria. Temos muito mais casos do que o pior cenário imaginado há dez anos", disse Peter Piot em entrevista.

O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas contra a Aids (Unaids) disse que os números mais recentes do relatório anual mostram que a Aids vai matar 3 milhões de pessoas em 2000 -- mais do em qualquer ano anterior.

"É a primeira causa de mortalidade em muitas regiões do mundo", disse Piot à Reuters.

"Mas estamos presenciando, pela primeira vez, um número bem menor de infecções na África do que no ano anterior. Mas estamos falando de cerca de 3,8 milhões de pessoas que se contaminaram com o HIV na África -- esse é um número alto demais."

UM EM TRÊS É SOROPOSITIVO

Com estimativas de 25,3 milhões de adultos e crianças vivendo com HIV/Aids até o fim do ano, a África subsaariana é de longe a pior região do mundo.

De acordo com o relatório Atualização da Epidemia de Aids do Unaids (http://www.unaids.org/), um em cada três adultos em alguns países da África é soropositivo. Mas Uganda, Gâmbia e Senegal tem menos pessoas infectadas que há dez anos, graças à uma melhor prevenção.

No Quênia, Zimbábue e África do Sul, as taxas de infecção se estabilizaram.

As mulheres são mais vulneráveis à Aids na África, porque a transmissão mais comum é a sexual, do homem para a mulher. Na Rússia e na Europa Oriental, região com o maior índice de aumento de casos no mundo, o cenário é bem diferente.

"A infecção é na maior parte devida a uso de drogas, mas cada vez mais por causa da transmissão sexual, tanto homossexual quanto heterossexual."

A Rússia teve mais casos novos de HIV em 2000 do que se fossem somados os casos de todos os anos anteriores. As infecções dispararam de cerca de 130 mil para 300 mil, até o fim do ano, de acordo com Piot.

Piot está convencido que, com as políticas de tratamento e especialmente prevenção, a África terá menos casos dentro de cinco anos. Mas o que acontecerá na África, na Ásia e em outras regiões do mundo dependerá da forma pela qual a sociedade responderá à epidemia.

"A questão política será maior do que nunca, mas agora as palavras terão de ser traduzidas em ação. Este é o desafio para o ano que vem", acrescentou.

Sinopse preparada por Reuters Health

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