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Aumento nos casos de microcefalia no Brasil poderia ser associados a outras causas além do vírus Zika

16 de outubro de 2018 (Bibliomed). A alta incidência de microcefalia nos estados do nordeste do Brasil poderia ser associada a outros fatores além do aumento de infecções causadas por vírus Zika, concluiu um estudo recente que avaliou os possíveis fatores relacionados ao padrão incomum de distribuição da doença no país.

Estima-se que o vírus Zika chegou ao Brasil em 2013 e logo se espalhou por todo o país, provocando surtos de infecções em todas as regiões até meados de 2016. Uma consequência disto foi o aumento de casos de microcefalia.

Embora as infecções por vírus Zika tenham sido relatadas em todo o país, tem havido uma quantidade incomum de relatos de casos de microcefalia congênita concentrados no nordeste do Brasil.

Para entender os fatores associados a essa concentração, foram avaliados dados epidemiológicos do Ministério da Saúde sobre a distribuição de arboviroses no país entre 2014 e 2016.

Cruzando essa informação com os dados de gestão demográfica, socioeconômica e ambiental verificou-se que o Brasil registrou uma média de 156 casos de microcefalia por ano entre 2010 e 2014. Enquanto isso, ao final de 2015, o número de casos foi 20 vezes maior. Dos 10 estados brasileiros com o maior número de casos de microcefalia relacionados à infecção pelo zika vírus, nove eram do nordeste do país.

Pernambuco foi o primeiro estado a relatar um número incomum de casos de microcefalia em bebês, com 10 vezes mais relatos do que a média de todo o país nos cinco anos anteriores.
O número de casos notificados continuou a subir, com 10.867 registros entre novembro de 2015 e ao final de 2016, 7.023 que estavam na região Nordeste, que tem a maior taxa de pobreza, pior situação socioeconômica e pior gestão ambiental. Isso ajudaria a aumentar a proliferação de mosquitos do gênero Aedes, que, além do vírus Zika, transmitem os vírus Dengue, Chikungunya e febre amarela.

Uma correlação entre a distribuição de infecção congênita por Chikungunya e microcefalia foi observada na região, o que pode indicar que uma infecção anterior por arbovírus ou uma co-infecção com Chikungunya poderiam aumentar a gravidade de infecções virais pelo Zika.

Ao mesmo tempo, a pobreza, associada à desnutrição e à saúde geral precária, pode afetar a imunidade das pessoas na região, bem como a resposta e a progressão clínica da infecção.
Os achados corroboram estudos anteriores sugerindo que os casos de microcefalia causada pelo vírus Zika podem estar associados a uma combinação de fatores epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos.

O estudo levanta situações abrangentes e integradoras, que podem ter contribuído para a epidemia de microcefalia no Brasil; questiona se por si só, na ausência do vírus Zika, estas situações seriam capazes de causar microcefalia na região.

Fonte: PLOS One. DOI:10.1371/journal.pone.0201452.

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