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Doença de Chagas ainda é negligenciada

19 de junho de 2013 (Bibliomed). A Doença de Chagas foi descoberta há mais de um século, mas ainda é um grave problema de saúde pública para América Latina. Carlos Chagas, ao descrever a doença, abordou aspectos relacionados ao agente etiológico (Tripanosoma cruzi) e mecanismos de transmissão e reservatórios naturais, assim como as manifestações clínicas.

Durante o XII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca, que ocorreu de 06 a 08 de junho de 2013 em Porto de Galinhas, Pernambuco, pesquisadores da Universidade de Pernambuco (UPE) conduziram um debate o histórico da doença, bem como as perspectivas de tratamento.

Com o êxodo rural em meados do século XX, promovido, principalmente, pelo modelo de desenvolvimento adotado pelo país, houve a chamada “urbanização” da doença.

Apesar dos avanços no controle da doença citados durante o evento, essa ainda é considerada um problema de saúde pública. Recentemente, Brasil, Chile e Uruguai receberam certificação de controle da transmissão vetorial pelo Triatoma infestans. O fato, contudo,não deve ser entendido como controle definitivo da enfermidade como um todo, mas apenas de um dos seus vetores, pois ainda existe o risco de contaminação através de transfusão de sangue, doação de órgãos contaminados e a transmissão vertical (de mãe para filho intra útero), além da possibilidade de contaminação via ingestão de alimentos contaminados.

Outro aspecto que vem preocupando a comunidade sanitária mundial é a chamada globalização da doença de Chagas. A facilidade de transporte e o intercâmbio econômico, tecnológico e cultural entre os continentes propiciaram a mundialização da enfermidade, de modo que, hoje, a doença de Chagas transfusional constitui um risco emergente em países não endêmicos, como Estados Unidos, União Européia, Austrália e Japão, decorrente do grande contingente de imigrantes latinos que ora residem nesses países.

Classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Doença Extremamente Negligenciada, a Doença de Chagas, assim como outras, não tem despertado interesse do setor farmacêutico mundial.  Particularmente em relação ao tratamento da doença de Chagas, o último fármaco lançado no mercado ocorreu há mais de 30 anos.

De acordo com os pesquisadores, embora o entendimento biológico das várias formas de manifestação da doença de Chagas seja de suma importância para o seu manejo, não é suficiente. Ao abordar a doença como um modelo assistencial voltado exclusivamente para os aspectos biológicos e negligenciando os aspectos psicossociais e culturais dessa, a Doença de Chagas estará longe de sair da lista de como Doenças Extremamentes Negligenciadas da OMS.

Fonte: XII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca, de 06 a 08 de junho de 2013, Porto de Galinhas, Pernambuco

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