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Pesquisador defende criação de Centro de Referência em Doenças por Príons no Brasil

21 de Novembro de 2002 (Bibliomed). O Brasil deveria criar um centro responsável por estudar um grupo de doenças degenerativas do sistema nervoso central, chamadas genericamente de encefalopatias espongiformes. É o que defende o neurologista Abelardo de Queiroz Araújo, chefe do Centro de Referência em Neuroinfecções do Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (Ipec). Essas doenças, que afetam homens e animais, tornaram-se mundialmente famosas devido sua versão bovina – o Mal da Vaca Louca, que causou pânico na Europa em 2000.

Seus agentes, moléculas de proteínas conhecidas como príons, provocam verdadeiros buracos no tecido cerebral dos pacientes, deixando-os com aspecto de esponjas. “O príon é uma proteína codificada por um gene celular normal, presente principalmente nos neurônios, caracterizada pela sigla PrPc. Quando esse gene sofre mutação, a molécula adquire uma configuração diferente (PrPSc) e se torna patógena”, explicou Araújo. “Seria interessante tanto para a saúde pública quanto para a pesquisa básica, que se centralizasse os esforços no país. A Fiocruz poderia encampar essa idéia, porque reúne patologistas, neurologistas e infectologistas comprometidos com a saúde pública”, defendeu.

Depois que várias pessoas morreram apresentado quadros de encefalopatias espongiformes, a União Européia proibiu o uso de farelo animal na alimentação de herbívoros e o consumo humano das partes mais suscetíveis a transmitir a enfermidade (miolos, carnes com osso, tripas e rabada). Apesar disso, os europeus ainda não estão livres da Vaca Louca. “Como o período de incubação da moléstia é de dois a vinte anos, é possível que algumas pessoas ainda a manifestem”, disse o neurologista.

Também causada por príons, a doença de Creutzfeldt-Jakob já apresentou casos no Brasil. Ela atinge apenas uma pessoa em um milhão, mas quase sempre é fatal. Começa provocando demência, falta de coordenação motora e pode matar em menos de dois anos. A contaminação decorreu principalmente de mutações genéticas e tratamento com hormônio de crescimento extraído de hipófises humanas. Por causa do risco o hormônio do crescimento teve de ser substituído (atualmente é feito por engenharia genética) e não oferece mais riscos à saúde.

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