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Hiperhidrose ou suor excessivo - Como se trata

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Quais as características da doença?
- Quais seriam as conseqüências da hiperidrose na vida da pessoa?
- Qual o tratamento da hiperidrose?
- Uso de toxina botulínica
- No que consiste a cirurgia para tratamento da hiperidrose?

Um dos mecanismos mais importantes para a manutenção da temperatura corporal, e conseqüentemente o bom funcionamento de todos os órgãos e sistemas, é a produção de suor, especialmente durante a prática de atividade física ou em ambientes mais quentes. A produção do suor é controlada pelo chamado sistema nervoso simpático, uma rede especial de neurônios, responsável pela regulação de várias funções no nosso corpo.

A hiperidrose é uma doença caracterizada por produção excessiva de suor, devido a hiperatividade das glândulas sudoríparas. Acomete aproximadamente 1% da população e, embora não seja grave, causa extremo desconforto e constrangimento às pessoas. Freqüentemente é fonte de transtornos psicológicos e de relacionamento. O portador da doença, geralmente vive isolado e procura esconder o seu problema.

A hiperidrose pode ocorrer sem ter uma causa identificável, ou estar associada a outras doenças, como o hipertireoidismo (quando a glândula tireóide produz hormônio em excesso), distúrbios psiquiátricos, obesidade e menopausa.

Quais as características da doença?

O início dos sintomas pode ocorrer em qualquer idade e, eventualmente, pode-se encontrar outros parentes que tinham ou têm a doença. Geralmente, observa-se que as mulheres são mais acometidas que os homens. O excesso de sudorese pode ocorrer espontaneamente, mas a maioria das pessoas identifica situações e/ou fatores desencadeantes ou agravantes, como:

  • Aumento da temperatura ambiente;
  • Febre;
  • Prática de atividade física;
  • Ansiedade;
  • Ingestão de alimentos muito condimentados.

Os sintomas costumam melhorar durante o sono, e a pessoa relata que a sudorese é constante, podendo o suor ser "quente" ou "frio". Pode acometer várias regiões do corpo, mas as principais são as mãos e os pés (pode surgir logo após o nascimento); em segundo lugar está o acometimento axilar (geralmente surge na adolescência); e em terceiro lugar o rosto (comumente após os 40-50 anos de idade).

Observa-se uma importante relação entre estresse e a ocorrência das crises, especialmente nos pacientes com acometimento do rosto e das axilas. Apesar disso, os indivíduos com excesso de sudorese na palma das mãos e na planta dos pés também podem apresentar crises associadas a períodos de maior estresse.

Algumas descobertas recentes indicam que as pessoas com peso aumentado apresentam sintomas mais graves. Além disso, observou-se que em mais da metade dos casos a hiperidrose está associada ao diabetes mellitus. Assim, as pessoas com risco aumentado para hiperidrose seriam as com sobre peso, os diabéticos e os parentes de indivíduos acometidos.

Quais seriam as conseqüências da hiperidrose na vida da pessoa?

O excesso de sudorese constitui-se em uma situação constrangedora e desagradável, que dificulta as atividades do dia-a-dia, podendo interferir no trabalho, no lazer e nas atividades sociais. Ações como segurar papéis, apertar a mão de outra pessoa, escrever podem tornar-se extremamente aterrorizantes.

Existem casos de crianças que não conseguiam ser alfabetizadas, devido ao grande estresse que o fato de ir à escola representava a essas crianças. Adolescentes acometidos podem manter-se isolados das outras pessoas, não conseguindo estabelecer relacionamentos. A doença pode até atrapalhar na hora da escolha da profissão, já que não adianta ter talento para o desenho se o suor excessivo nas mãos impede a pessoa de exercer essa atividade.

Quando a sudorese é muito intensa, a decomposição do suor e das células mortas leva à produção de odor desagradável. Essa situação é mais comum nos indivíduos com hiperidrose acometendo as axilas. Leva, portanto, a intenso desconforto para o indivíduo, que procura se isolar das outras pessoas. Essa alteração do cheiro do suor é chamada de "bromidrose".

Qual o tratamento da hiperidrose?

Existem basicamente dois tipos de tratamento, o clínico e o cirúrgico. É importante ressaltar que a escolha depende da intensidade do caso, e também da opção do paciente e do médico.

O tratamento clínico leva a resultados precários porque não é definitivo, e alguns métodos podem ser desagradáveis, caros e devem ser repetidos regularmente. O tratamento não-cirúrgico pode ser realizado da seguinte forma:

  • Substâncias antiperspirantes e adstringentes: objetivam reduzir a produção do suor. Devem ser aplicadas após o banho, antes de deitar-se. Elas podem causar irritação na pele ou deixá-la amarelada.
  • Talco ou amido de milho: indicado nos casos de doença mais leve. Devem ser aplicados entre os dedos, sob as mamas e nas demais pregas da pele.
  • Banho com sabonete desodorante: seu uso prolongado pode irritar a pele.
  • Não utilizar o mesmo par de sapatos vários dias seguidos, e usar palmilhas absorventes.
  • Medicamentos tomados por via oral, como antidepressivos e outros para ansiedade. No entanto, o alívio dos sintomas é parcial.
  • Psicoterapia, técnicas de biofeedback.
  • Iontoforese: método de tratamento que se caracteriza pela aplicação de corrente elétrica na superfície da pele, com o objetivo de facilitar a penetração de medicamentos na mesma.

Uso de toxina botulínica

Comumente são realizadas de 35 a 40 aplicações em cada região, a cada sessão. A duração do efeito é de 4 a 6 meses, sendo necessária nova sessão após esse período. Geralmente, as pessoas conseguem suportar até 4 sessões. É importante saber que a dose necessária é quase próxima da dose tóxica; sendo assim, como o benefício não é definitivo, nos pacientes com sintomas mais intensos e que interferem muito em suas vidas, pode estar indicado o tratamento cirúrgico.

No que consiste a cirurgia para tratamento da hiperidrose?

O tratamento cirúrgico consiste na chamada "Simpatectomia Torácica". Existe, ao lado da coluna torácica, uma estrutura denominada cadeia simpática. Ela é constituída por pequenos gânglios que controlam, além de outras coisas, a produção do suor. A cirurgia consiste na eliminação dos gânglios envolvidos na doença. Antigamente, a cirurgia era feita por duas incisões ("cortes") no pescoço, mas atualmente vem sendo realizada por técnicas de videolaparoscopia. Essa técnica mais nova necessita de duas pequenas incisões, levando a cicatrizes praticamente imperceptíveis.

A cirurgia está indicada geralmente nos pacientes com hiperidrose que não é decorrente de outras doenças. Nesses casos, o tratamento da doença principal leva, freqüentemente, à melhora dos sintomas.

Os resultados da cirurgia são dramáticos. Quando acorda da anestesia, o paciente já percebe que não apresenta mais o excesso de suor nas axilas e nas mãos, sendo que a sudorese do pé reduz-se em 70%. Eles relatam que há muitos anos não sentiam suas mãos quentes e secas. Os resultados são permanentes e a melhora da qualidade de vida é indiscutível.

Como essas pessoas não suam mais nas mãos e nas axilas, pode haver aumento da sudorese em outras regiões do corpo, principalmente quando estão em locais quentes, fazendo exercícios físicos ou tomando sol. No entanto, a minoria desses pacientes apresentará queixa de tais sintomas e achará que não valeu a pena ter sido submetido à cirurgia. O que ocorre é que esses sintomas não incomodam o paciente.

Copyright © 2008 Bibliomed, Inc.                                        24 de janeiro de 2008.