Artigos de saúde

Diverticulose e Diverticulite

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Como os Divertículos se desenvolvem?
- Quais os sintomas da Diverticulose?
- Quais as complicações?
- Como a Diverticulose é diagnosticada?
- Qual o tratamento da Diverticulose?
- Referências Bibliográficas Selecionadas

A Diverticulose e a diverticulite são doenças bastante comuns em pessoas idosas, afetando até metade das pessoas com 60-80 anos de idade. Muitas de suas manifestações podem simular sintomas de Doença de Crohn – e vice-versa.

Contudo, ao contrário da Doença de Crohn, cuja causa ainda permanece um mistério, a Diverticulose possui raízes bem conhecidas. Ela está diretamente relacionada à baixa quantidade de fibras na dieta.

Dietas pobres em fibras vegetais resultam em constipação intestinal, que aumenta a pressão dentro do intestino grosso, levando à formação de pequenas dilatações ou bolsas (chamadas Divertículos) na parte de fora do intestino. A Diverticulose consiste na presença destas bolsas no intestino grosso.

A Diverticulite se caracteriza pela inflamação ou infecção dos divertículos, acometendo 10-25% das pessoas portadoras de diverticulose.

Como os Divertículos se desenvolvem?

A diverticulose é típica de países desenvolvidos ou industrializados, onde as dietas com baixo conteúdo de fibras vegetais são mais comuns. A doença é menos comum em países da Ásia ou África, onde os hábitos alimentares são mais baseados em alimentos naturais e ricos em fibras.

As fibras estão na composição de frutas, vegetais e grãos, e não podem ser digeridas pelo trato gastrintestinal. Algumas fibras se dissolvem facilmente na água (fibras solúveis), assumindo uma textura gelatinosa no intestino, ao passo que outras passam praticamente inalteradas pela digestão (fibras insolúveis). Ambos tipos de fibras ajudam a formar um bolo fecal mais macio e fácil de ser eliminado, além de ajudar a evitar a constipação intestinal.

Dietas pobres em fibras vegetais produzem bolos alimentares difíceis de serem propelidos pelos movimentos peristálticos, forçando a musculatura intestinal e aumentando a pressão dentro do intestino grosso. O excesso de pressão termina fazendo com que surjam pontos fracos no cólon, levando à formação de pequenas bolsas na sua parede. Estas bolsas são os Divertículos.

A Diverticulite ocorre quando os divertículos se tornam infectados ou inflamados. Ainda não se sabe ao certo o que causa a infecção, mas é provável que o problema se inicie quanto fragmentos de fezes ou bactérias ficam presos dentro dos divertículos. Os ataques de diverticulite podem ocorrer subitamente e sem qualquer aviso.

Quais os sintomas da Diverticulose?

A maioria das pessoas com diverticulose não queixa qualquer desconforto ou sintoma. Contudo, a doença pode se manifestar na forma de cólicas leves, gases e constipação intestinal. Outros distúrbios, como síndrome do intestino irritável e úlceras no estômago, podem causar sintomas similares.

O sintoma mais comum da Diverticulite é a dor no abdome, principalmente do lado esquerdo da barriga. Se a inflamação dos divertículos for causada por infecção bacteriana, as manifestações poderão incluir febre, náuseas, vômitos, calafrios e cólicas intensas. A gravidade dos sintomas dependerá da extensão da infecção e da presença de complicações.

Quais as complicações?

A diverticulite pode resultar em perfuração, obstrução ou sangramento intestinal.

O sangramento é uma complicação rara e pode aparecer na forma de sangue no vaso ao evacuar ou misturado nas fezes. Mesmo quando a hemorragia é intensa, ela costuma parar sozinha. Nos casos de sangramento que não respondem ao tratamento médico, a cirurgia de urgência pode ser a única saída.

A infecção responsável pela diverticulite quase sempre desaparece após alguns dias de tratamento com antibióticos. Contudo, se o problema piorar (p.ex.: com formação de abscessos ou obstruções intestinais), a pessoa afetada pode necessitar internação hospitalar para um tratamento mais intensivo, algumas vezes até mesmo com indicação de cirurgia.

Como a Diverticulose é diagnosticada?

O primeiro passo é considerar a possibilidade de Diverticulose a partir dos sintomas – o que nem sempre é uma etapa fácil, considerando que muitas manifestações da diverticulose são exatamente as mesmas de inúmeros outros distúrbios do trato gastrintestinal.

Surgida a hipótese, seu médico poderá solicitar alguns exames, como Colonoscopia (uma endoscopia do intestino grosso) ou Enema Opaco (uma radiografia especial utilizando meios de contraste) para determinar a presença e a extensão da diverticulose.

Qual o tratamento da Diverticulose?

O tratamento é apenas sintomático. Os divertículos não se transformam em tumores e raramente evoluem para situações de risco de morte.

Uma dieta rica em fibras (p.ex.: vegetais folhosos e frutas com bagaços) e, ocasionalmente, o uso de analgésicos podem ser suficientes para controlar os sintomas da doença na maioria dos casos. Contudo, os ataques de diverticulite podem ser sérios o suficiente para justificar uma internação hospitalar ou cirurgia.

Até recentemente, muitos médicos sugeriam evitar alimentos com pequenas sementes, tais como tomates e goiaba, pois acreditavam que estas partículas poderiam se alojar nos divertículos e causar inflamação. Felizmente, não existem evidências de que isto possa ocorrer.

Durante as crises de diverticulite, muitas pessoas precisam ser hospitalizadas para diminuir o risco de complicações. Com o tratamento adequado, a imensa maioria dos casos de diverticulite evolui para cura sem maiores seqüelas.

Se os ataques de diverticulite se tornarem freqüentes ou ocorrerem associados a complicações potencialmente graves, o médico poderá indicar a remoção cirúrgica do segmento intestinal afetado.

Referências Bibliográficas Selecionadas

  1. Floch MH, Bina I. The natural history of diverticulitis: fact and theory. J Clin Gastroenterol. 2004 May-Jun;38(5 Suppl):S2-7.
  2. Hoffmann RM, Kruis W. Diverticulosis and diverticulitis. Internist (Berl). 2005 Jun;46(6):671-83; quiz 684.
  3. Kang JY, Melville D, Maxwell JD. Epidemiology and management of diverticular disease of the colon. Drugs Aging. 2004;21(4):211-28.
  4. Bertschinger P. Diverticulosis. Schweiz Rundsch Med Prax. 1993 Apr 20;82(16):487-9.
  5. Roberts PL, Veidemheimer MC. Current management of diverticulitis. Adv Surg 1994;27:189-208.

Copyright © 2007 Bibliomed, Inc.                                        20 de dezembro de 2007