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Fatores de Risco para Câncer de Mama

Neste Artigo:

- Introdução
- Fatores de Risco Principais
- Fatores de Risco Moderados
- Fatores de Risco Menores
- Fatores que Reduzem o Risco

Introdução

O câncer de mama é o câncer mais comum na mulher brasileira, acometendo mais mulheres do que o câncer de colo uterino. Estima-se que, nos Estados Unidos, são diagnosticados 200.000 novos casos por ano. Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil, em 2003 foram diagnosticados 33.590 casos de câncer de mama. É importante lembrar que, em nosso país, o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer, em mulheres, desde 1980.

Apesar desses dados alarmantes, o câncer de mama é uma doença curável, quando descoberta precocemente. Por isso, é tão importante o rastreamento, que em nosso país consiste na consulta médica associada à realização de mamografia, em intervalos regulares e a partir de determinada idade. O auto-exame também é importante, pois pode sinalizar a existência de alguma anormalidade que mereça ser investigada.

Nem todas as mulheres vão desenvolver o câncer de mama, e muitos pesquisadores têm tentado identificar quais fatores estariam associados a um risco aumentado desse câncer. O conhecimento desses fatores de risco permitiria classificar as mulheres de acordo com o risco de câncer, definindo grupos nos quais o rastreamento deveria ser iniciado mais precocemente ou ser realizado mais frequentemente. Alguns fatores já foram identificados, mas devemos lembrar que a presença dos mesmos não indica que a mulher vai necessariamente desenvolver o câncer, apenas que ela tem um risco maior que as outras mulheres. Além disso, muitos casos de câncer de mama surgem em mulheres que não possuem nenhum dos fatores de risco conhecidos. Sabe-se, por exemplo, que as mulheres que não apresentam nenhum outro fator de risco que não o sexo e a idade possuem um risco de 10% a 15% de desenvolver o câncer de mama, caso elas vivam por mais de 80-90 anos. Porém, nesse caso, o risco de desenvolver um câncer mais agressivo é menor.

Alguns dos fatores de risco aumentam o risco mais do que os outros, por isso nesse artigo classificamos os fatores em três grupos. Por outro lado, é possível que existam diversos fatores identificáveis na mesma pessoa. O mais importante é a realização de um acompanhamento médico adequado, com realização do rastreamento e discussão a respeito desses fatores na determinação do risco de cada mulher, em especial. Independentemente da presença desses fatores, o rastreamento é fundamental.

Fatores de Risco Principais

Não existe um fator de risco principal e mais forte, como no caso de outros cânceres. Esses fatores foram classificados como principais porque estão associados a um maior aumento do risco. São eles:

Sexo Feminino: aproximadamente 99% ou mais dos cânceres de mama ocorrem em mulheres.

Idade Avançada: é um dos principais fatores de risco, na maioria das mulheres. Mais de 80% dos casos de câncer de mama, acomete mulheres com idade igual ou acima dos 50 anos. Em contraste, 5% dos casos ocorrem em mulheres com menos de 30 anos. Esse é o motivo pelo qual o rastreamento torna-se mais rigoroso com o avançar da idade.

História Familiar Positiva Forte: mulheres com pelo menos duas parentas de primeiro grau (mãe, irmã, filha) que apresentaram câncer de mama possuem um risco maior que de mulheres sem casos na família. Parece que essa relação está associada a mutações em dois genes importantes: o BRCA1 e o BRCA2. Vale lembrar, no entanto, que essas mutações são raras.

Passado de Câncer de Mama: pacientes que já apresentaram câncer de mama possuem risco aumentado de câncer na outra mama.

Fatores de Risco Moderados

São fatores associados a um aumento do risco, em um grau inferior ao dos fatores de risco principais. Podemos citar:

• História Familiar: são aquelas mulheres que possuem apenas uma parenta de primeiro grau com a doença, ou parentes distantes. O risco é maior do que o das mulheres sem parentes afetadas.

Exposição a Radiação: mulheres que precisaram ser submetidas a radioterapia, geralmente para tratamento de outro câncer na região torácica, podem apresentar um aumento do risco de câncer de mama.

Anormalidades à Mamografia: mulheres que já tiveram a menopausa e que apresentam, à mamografia, áreas nodulares e mais densas, apresentam maior risco do que as mulheres cujas mamografias revelam predominância de tecido gorduroso.

Anormalidades à Biopsia: a biopsia é realizada quando detectada alguma anormalidade ao exame físico ou à mamografia. Quando esse exame revela um crescimento excessivo do tecido mamário, o risco de câncer de mama é aumentado. É importante pedir ao médico que ele explique com detalhes o resultado dos exames, caso ele não o faça.

Fatores de Risco Menores

São fatores que aumentam o risco de câncer de mama em pequeno grau. Muitos estão associados ao tempo de exposição aos estrogênios; e nenhum desses fatores de risco é muito forte.

• Terapia de Reposição Hormonal: a TRH pode ser utilizada, em mulheres na pós-menopausa, para melhorar os sintomas do climatério e reduzir a osteoporose. Porém, o uso de estrogênio combinado ao progestogênio (os hormônios femininos) compromete as alterações que a mama sofre com o avançar da idade, aumentando o risco de câncer de mama quando utilizada por tempo prolongado. A decisão de se iniciar a TRH deve ser tomada após decisão cuidadosa com seu médico assistente, pesando-se os prós e contras dessa terapia, a qual tem seus benefícios.

• Idade de Eventos da Vida Reprodutiva: o estrogênio é o hormônio responsável por estimular as células da glândula mamária a se reproduzir. Quanto maior o tempo que o organismo da mulher produz e está exposto a esse hormônio, maior o risco de câncer de mama. Por isso, as mulheres que apresentaram a primeira menstruação em idade mais precoce (época em que se inicia a produção de estrogênios), menopausa em idade mais avançada (época em que a produção de estrogênio declina significativamente), menor número de gestações (a gestação é um período de predominância da progesterona) e primeira gestação em idade mais tardia apresentam maior risco de câncer de mama.

• Uso de Anticoncepcionais Orais: o uso prolongado de anticoncepcionais orais (hormonais) antes da primeira gestação também aumenta o risco de câncer de mama.

• Altura e Peso: mulheres mais altas apresentam maior risco que mulheres mais baixas. O peso exerce um importante efeito, porque o tecido gorduroso afeta o metabolismo do estrogênio (aumentando seus níveis), por isso as mulheres obesas apresentam risco maior desse câncer do que as não-obesas.

• Consumo de Álcool: o consumo moderado de álcool aumenta o risco de câncer de mama, provavelmente porque leva ao aumento dos níveis de estrogênio. Quanto maior o consumo, maior o risco. Porém, parece que esse risco pode ser eliminado pela ingestão regular de ácido fólico (vegetais folhosos ou suplemento vitamínico).

• Outros Cânceres: as mulheres que já apresentaram outro câncer ginecológico (colo uterino, endométrio, ovário) ou até mesmo câncer de intestino grosso apresentam risco aumentado para câncer de mama.

• Fatores Diversos: fatores sócio-econômicos também afetam o risco de câncer de mama, de forma que mulheres de nível sócio-econômico mais elevado apresentam risco maior do que mulheres de nível mais baixo. Além disso, as mulheres que vivem nas cidades têm maior risco do que as que vivem no campo. A etnia também pode ser um fator definidor de risco, já que parece que mulheres negras apresentam maior risco desse câncer na idade inferior a 40 anos, enquanto mulheres brancas têm risco maior de câncer de mama em idade igual ou superior a 40 anos. Parece que o tabagismo também é um fator de risco para o câncer de mama.

Fatores que Reduzem o Risco

Finalizando, citaremos os fatores que parecem estar associados a um menor risco de câncer de mama. São eles:

• Mulheres nascidas na Ásia ou na África apresentam menor risco;
• Prática regular de exercício físico;
• Aleitamento materno;
• Mulheres que tiveram maior número de gestações;
• Remoção dos ovários: em algumas doenças é necessária a retirada dos ovários. Observou-se que as mulheres nas quais essa cirurgia foi realizada antes dos 35 anos apresentam menor risco de câncer de mama no futuro. Porém, essa remoção associa-se ao aumento do risco de outras doenças, como as cardiovasculares e a osteoporose.

Vale lembrar que os fatores relacionados à alimentação ainda não mostraram nenhuma relação com o risco de câncer de mama.

Copyright © 2006 Bibliomed, Inc.                                        03 de Julho de 2006