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Inatividade física aumenta as chances de mortalidade em adultos com doenças crônicas

Neste Artigo:

- Estudo sobre avaliação da atividade física
- Resultados
- Importância da atividade física e seus benefícios

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"Diversos estudos e pesquisas têm confirmado a importância da atividade física na manutenção de um bom estado de saúde. Segundo seus achados, a adoção de uma rotina com exercícios físicos pode adiar a progressão de diversas doenças crônicas (diabetes, hipertensão arterial, doença cardíaca) melhorando a qualidade de vida e prolongando os anos de vida".

Estudo sobre avaliação da atividade física

Em um estudo realizado pelo Dr. Brian C. Martinson e colegas, da Health Partners Research Foundation e Health Partners Center for Health Promotion, Minneapolis, EUA, foi avaliada a influência da atividade física em adultos com idade igual ou superior a 40 anos, portadores de doenças crônicas.

O objetivo foi avaliar o fator atividade física isoladamente, em pessoas que já apresentam problemas de saúde crônicos.

Foram escolhidos 2.500 participantes diante de um grupo de 750.000 pessoas, dos quais 1.901 participaram do estudo.

Os participantes responderam um questionário de 60 perguntas relativas a diversas áreas como aspectos demográficos, saúde, serviços de prevenção, fatores de risco (dieta, tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, comportamento de risco, etc) e vontade de modificar tais riscos.

O principal alvo de pesquisa do estudo foi a mortalidade durante o período do estudo, realizado de 1995 a 1999. Algumas analisadas algumas variáveis independentes importantes como a idade, o sexo e o quadro de saúde com respeito às doenças crônicas – diabetes, doenças cardíacas, hipertensão arterial e dislipidemias (alterações dos níveis de gordura no sangue).

A atividade física dos participantes do estudo foi avaliada de acordo com um questionário específico e através de uma pergunta sobre quantas vezes por semana há realização de atividade física por mais de 30 minutos.

Resultados

Durante o período do estudo, houve 197 mortes. O grupo de pacientes que esteve apresentou o maior número de óbitos tinha pessoas mais velhas, com doenças crônicas mais avançadas, com um índice de massa corporal menor (peso2/altura) e uma maior inatividade física.

Os resultados mostraram que a idade avançada esteve associada com uma maior mortalidade enquanto que as mulheres tiveram menor probabilidade de morrerem durante o estudo. A incapacidade funcional, tanto nas necessidades básicas de cuidados de saúde quanto nas atividades usuais, esteve associada com uma taxa de mortalidade aproximadamente 70% maior. Tabagistas tiveram uma chance duas vezes maior de óbito durante o acompanhamento comparados aos não tabagistas.

O grupo sedentário (menos de 30 minutos por semana de atividades físicas) teve um maior risco de morte durante o acompanhamento do que o grupo que realizava atividades físicas por pelo menos 30 minutos, independente do sexo, idade, tabagismo, incapacidade funcional e comorbidades (doenças adicionais).

Como já dito acima, diversos estudos já perceberam o grande efeito diferencial na mortalidade, relacionado com a realização de atividades físicas. Percebe-se que mesmo atividades leves – uma ou duas vezes por semana – levam a uma redução no risco de morte comparando-se com hábitos de vida completamente sedentários.

O fato de ter sido esse um estudo relativamente curto (3 anos) e mesmo assim ter conseguido chegar a tais conclusões, traz consigo importantes reflexões para os planos de saúde e para a saúde pública em geral. Pôde-se assim perceber que mesmo num curto espaço de tempo, o sedentarismo pode aumentar o risco de mortalidade. Essas definições favorecem a aplicação de investimentos em programas que visem aumentar o grau de atividade física das pessoas credenciadas nos planos de saúde e também nos usuários do sistema de saúde pública.

Apesar do estudo ter sido bem desenvolvido e com um número representativo de pessoas avaliadas da população, ele foi um estudo observacional, ou seja, não houve uma intervenção direta nos hábitos das pessoas estudadas e sim somente a observação de seus atos. Por isso, ele não prova que o aumento das atividades físicas leva a uma diminuição da mortalidade. O que ele deixou claro, no entanto, foi a relação da inatividade física ( falta de exercícios) com o dobro do risco para a mortalidade.

Importância da atividade física e seus benefícios

Assim pode-se tecer dois comentários com respeito aos achados aqui citados. Primeiramente, a de que os adultos mais velhos com múltiplas doenças crônicas podem viver mais através da realização de atividades físicas mínimas (30 minutos por dia / uma vez por semana). A implicação prática disto seria o fato de que qualquer atividade física é recomendada para que se mantenha melhores condições de saúde. Principalmente no que se refere a pessoas que já possuem várias doenças e que por isso já fazem uso de uma gama de medicamentos e têm dificuldades, por diversos motivos, em realizar atividades físicas.

Em segundo lugar, pode-se de certa forma tomar a inatividade física como um indicador da presença de outros fatores de risco que elevam a mortalidade (grau de perda funcional, gravidade das doenças crônicas e progressão das mesmas). Pois muitas vezes, a pessoa não realiza atividades físicas por incapacidade criada por esses outros problemas. Caso essa seja uma informação válida, o questionamento aos pacientes de sua inatividade física poderá alertar para quadros mais graves e com riscos a curto prazo mais importantes.

Apesar desse estudo não ter concluído que a atividade física reduz a mortalidade, outros estudos fisiológicos têm documentado uma ampla gama de ações moleculares resultantes da prática de exercícios físicos – diminuição da resistência à insulina (melhora o controle da diabetes), diminuição da pressão arterial (melhora o controle da hipertensão arterial), diminuição de fatores que facilitam a formação de “rolhas” nas artérias (diminui o risco de infartos cardíacos e cerebrais). Esses efeitos trazem grandes benefícios, agindo como facilitadores no controle de doenças crônicas como Hipertensão Arterial, Diabetes e hipercolesterolemia (aumento do colesterol).

Talvez o fato mais importante que fica aqui enfatizado é que qualquer atividade física realizada por uma pessoa antes sedentária, trará benefícios que serão atuantes a curto prazo. Essa pode ser uma boa arma para convencer tais pessoas a modificar seus hábitos de vida e assim obterem um melhor controle de suas doenças crônicas de base.

Copyright © 2002 Bibliomed, Inc.                16 de Agosto de 2002.


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