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Uso do Laser no Tratamento da Psoríase

Psoríase

A psoríase é uma doença proliferativa crônica da pele, geneticamente determinada, com evolução imprevisível. Geralmente ela começa a se manifestar no início da vida adulta, porém pode acometer pacientes em qualquer idade. Ao se manifestar, a doença pode permanecer restrita a algumas áreas ou pode generalizar-se.

As lesões são escamosas, caracterizadas por placas avermelhadas com escamas prateadas e espessas, que se desprendem facilmente, podendo, às vezes acumular-se nas roupas ou na cama do paciente. Classicamente são distribuídas simetricamente entre as proeminências ósseas, como, cotovelos e joelhos. Mas podem acometer também o tronco, couro cabeludo, região interglútea e as unhas.

Tratamento

Não existe um agente curativo para a psoríase, sendo que os tratamentos existentes suprimem a doença apenas enquanto são administrados. Portanto, o objetivo da terapia é diminuir a proliferação epidérmica e a inflamação subjacente. Os tratamentos empregados são: os agentes antiinflamatórios esteróides tópicos, as preparações tópicas de alcatrão e antralina, a luz ultravioleta UVA ou UVB e por fim as terapias sistêmicas com agentes antimetabólicos, como o metotrexate ou retinóides, como o etretinato.

A fototerapia com UVB já está bem estabelecida como uma boa forma de tratamento, porém são necessárias cerca de 25 a 30 seções para produzir um clareamento da pele. O uso dos raios UVA e UVB sabidamente provocam uma rápida remissão da psoríase, porém o fator limitante desta terapia, é a maior sensibilidade da pele não afetada pela doença, que pode ser danificada com a alta quantidade de raios. Além do mais, não existem unidades capazes de descarregar raios com grande carga, seletivamente, para as placas psoríticas. Em 1977, foi publicado um trabalho sobre o uso do Excimer Laser no tratamento da psoríase por Bonis e colaboradores que evidenciou alguma eficácia deste tratamento. Provavelmente, o Excimer Laser tem o mesmo efeito biológico que a fototerapia UVB, porém sua administração é feita de maneira seletiva, diretamente sobre a placa. Faz-se necessário, porém, novos estudos para se estabelecer qual a dose necessária, para se obter uma remissão das lesões psoríticas.

O Estudo

Tentando estabelecer a dose adequada do Excimer Laser, usado seletivamente em direção a cada placa, e estabelecer a eficácia e o tempo de remissão da doença, um grupo de pesquisadores norte-americanos (do Departments of Dermatology and Medicine, Massachusetts General Hospital, Harvard Medical School, Boston), liderados pelo Dr. Pravit Asawanonda, conduziu um estudo, no qual aplicaram esse tratamento em alguns pacientes, obtendo diferentes resultados, de acordo com o número de aplicações e com a intensidade dos raios em cada sessão. Os resultados desse estudo foram publicados na revista Arch Dermatol. de 2000.

Os pesquisadores recrutaram adultos com placas de psoríase estabilizadas (placas presentes por mais de oito semanas sem sofrerem alterações). Foi solicitado aos pacientes em uso de terapia tópica que descontinuassem o tratamento por pelo menos duas semanas, da mesma forma aos pacientes em uso de foto-terapia UVB recomendou-se a suspensão do tratamento por quatro semanas e por oito semanas àqueles em terapia sistêmica. As pacientes grávidas ou que estivessem amamentando, e os pacientes com história de fotossensibilidade ou tendência à formação de quelóides foram excluídos do estudo.

Em cada paciente foram selecionadas quatro placas similares. Cada uma destas placas recebeu, respectivamente, uma, duas, quatro e vinte sessões de tratamento. Cada sessão foi feita duas vezes por semana, com três dias de intervalo entre elas. O tempo total de tratamento foi de 10 semanas.

Alguns pacientes receberam sessões com raios de baixa intensidade, outros com média intensidade e outros com alta intensidade. A avaliação clínica foi feita antes do início do tratamento, duas, quatro e seis semanas após o início e 2 e 4 meses após o fim do mesmo.

Resultados

Treze pacientes submeteram-se ao tratamento. Os primeiros quatro pacientes, que receberam raios de alta intensidade, sofreram queimaduras com formação de bolhas e posterior ruptura das mesmas. Como o desconforto criado por esse tratamento foi muito grande, a alta intensidade não foi mais usada, ficando o estudo restrito às médias e pequenas intensidades. Portanto, dos treze pacientes participantes do estudo, quatro receberam raios com alta intensidade e os outros nove receberam raios de média e pequena intensidade. Os efeitos provocados pelos raios de média e baixa intensidade foram bem tolerados.

Ao fim de duas semanas, os pacientes que haviam recebido raios de média intensidade, tiveram algumas alterações precoces, porém mínimas. De maneira geral, as lesões que receberam os raios de média intensidade tiveram resultados melhores do as que receberam raios de baixa intensidade. De fato, as lesões que haviam recebido somente uma sessão de tratamento com raios de baixa intensidade não tiveram qualquer alteração visível. Entre os pacientes que receberam duas sessões, com média ou baixa intensidade, os tratados com média intensidade tiveram resultados mais significativos. Os pacientes que receberam raios de alta intensidade permaneciam ainda com bolhas e crostas em suas placas.

Dois meses após o final do tratamento, as lesões que receberam os raios de alta intensidade tiveram os melhores resultados, sendo que depois da remissão das bolhas houve um clareamento total da pele, considerando-se que esses pacientes receberam apenas uma sessão.

Quando foi comparado apenas o número de tratamentos, isoladamente, as áreas que haviam recebido quatro ou vinte sessões obtiveram uma melhor resposta do que as áreas que receberam dois tratamentos, ao final de seis semanas. E as áreas que receberam 20 sessões tiveram, ao final do estudo, uma resposta muito melhor do que as outras.

Dois meses após o tratamento, a maioria das áreas que haviam recebido quatro ou vinte sessões de raios de média intensidade permaneciam livre das placas. Quanto aos pacientes que receberam raios de média e baixa intensidade, quatro meses depois da terapia tiveram recorrência das lesões, enquanto os pacientes que receberam raios de alta intensidade permaneciam em remissão.

Ao final do estudo, os autores chegaram à conclusão que a intensidade dos raios é um fator importante para a determinação do clareamento da psoríase, e que, por outro lado, o número de sessões não foi tão importante. Eles demonstraram que uma única exposição a raios de alta intensidade, ou exposições repetidas com raios de moderada intensidade resultavam na remissão das placas psoríticas. Mas acreditam, também, que novas investigações são necessárias.

Fonte: Arch Dermatol 2000; 136:619-624

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