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Crianças Com Câncer Necessitam de um Pouco Mais de Conforto

O câncer é a segunda causa mais importante de morte nas crianças, após os acidentes. Muito pouco se sabe, entretanto, a respeito dos sintomas e do sofrimento das crianças portadoras de câncer no final de suas vidas.

Um estudo baseado em entrevistas com pais que perderam uma criança por câncer sugere a que a maioria das crianças com um câncer avançado sofrem muito em seu último mês de vida. A pesquisa foi realizada pela Dra. Joanne Wolfe e seus colaboradores, e publicada na edição de 3 de fevereiro da revista New England Journal of Medicine.

Durante os anos de 1997 e 1998, os pesquisadores entrevistaram os pais de crianças que haviam falecido por câncer entre 1990 e 1997, e que foram tratadas no Children's Hospital em Boston, no Dana-Farber Cancer Institute, ou em ambas as instituições. Dados adicionais sobre os casos foram obtidos pela avaliação dos prontuários médicos . A pesquisa foi realizada pela Dra. Joanne Wolfe e seus colaboradores, e publicada na edição de 3 de fevereiro da revista New England Journal of Medicine.

Dos 165 pais que se enquadravam como possíveis entrevistados, os pesquisadores conseguiram contato com 103 deles (62%). As entrevistas foram realizadas em um tempo médio de 3 anos após a morte da criança. Cerca de 80% das crianças morreram com umas doença progressiva, mas o restante faleceu de complicações relacionadas com o próprio tratamento. 49% das crianças morreram no hospital; mais da metade destas mortes ocorreram no Centro de Terapia Intensiva.

De acordo com os pais, 89% das crianças sofreram bastante com pelo menos um sintoma em seu último mês de vida, mais freqüentemente dor, cansaço ou dispnéia. Entre as crianças tratadas por sintomas específicos, o tratamento foi bem-sucedido em 27% daquelas com dores e em 16% daquelas com dispnéia. Tomando-se como base os prontuários médicos, os pais relataram que os médicos os seus filhos apresentavam cansaço, diminuição do apetite, constipação, e diarréia. O sofrimento por dor ocorreu mais freqüentemente em crianças cujos pais relataram que o médico não estava envolvido ativamente em fornecer cuidados para a criança em fase final de vida.

Em suas conclusões, os autores escrevem que as crianças que morrem por câncer recebem um tratamento agressivo no final de suas vidas. Muitas apresentam um grande sofrimento em seu último mês, e as tentativas para o controle de seus sintomas são muitas vezes malsucedidas. Uma maior atenção deve ser dada a essas crianças, para se realizar um tratamento paliativo e diminuir os seus sintomas durante seus últimos dias de vida.

Uma mudança na ênfase do tratamento curativo agressivo para a realização de medidas que pudessem dar mais conforto poderia melhorar substancialmente a qualidade de vida, tanto das crianças quanto de seus pais.

Fonte: N Engl J Med 2000;342:326-33.

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