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Cirurgia: Uma Linguagem Colorida é Tradição

A profissão médica é rica em anedotas acerca dos cirurgiões, muitos com uma boa reputação profissional nacional e internacional, usando idioma "colorido" nas salas de cirurgia.

Rezam as lendas que o vocabulário do cirurgião, normalmente um ser leve, amável e piedoso, sofre uma transformação uma vez que ele ou ela esteja usando gorro e máscara.

Os doutores Fausto Palazzo e Orlando J Warner, em trabalho publicado no British Medical Journal de 18 de dezembro avaliaram o uso do tipo de linguagem usada pelos cirurgiões durante os atos cirúrgicos, tentando identificar as especialidades cirúrgicas onde o uso de palavras mais fortes é mais comum.

Foram avaliadas cem operações eletivas sucessivas usando-se anestesia geral, executadas em um único hospital britânico. Sem o conhecimento do cirurgião uma pontuação para o palavreado foi dada durante as cirurgias.

O palavreado usado foi classificado dentro três grupos, com pontos dados a cada exclamação para refletir a força da palavra: céu e inferno (como " God," hell " , etc), 1 ponto; palavras de baixo calão (como " sh*t," p*ss "), 2 pontos; e palavras obscenas (como " f * * *," " c * * *," b***ard ") 3 pontos.

A incidência da linguagem exclamativa foi calculada em relação ao tempo total da cirurgia.

As 100 operações de cinco especialidades cirúrgicas somaram 80 horas e 30 minutos. Especialidades cirúrgicas diferentes tiveram freqüências de exclamações diferentes.

Cirurgiões ortopédicos totalizam um ponto de exclamação a cada 29 minutos, quase duas vezes mais freqüentemente que os cirurgiões gerais. Ginecologistas também parecem qualquer coisa menos anjos, mas como as suas cirurgias duram menos, o número total de pontos observados é menor.

Já os otorrinolaringologistas são os campeões da educação - chegam a passar 5 horas sem qualquer pontuação exclamativa.

Os autores observam que o dia 1o de janeiro de 2000 poderia ser um bom momento para que os cirurgiões resolvam tomar a decisão de parar de praguejar nas salas de cirurgia (ou deveriam eles continuar com este privilégio?).

Fonte: BMJ 1999;319:1611-1611 ( 18 December )

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