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Reparo de gene pode restaurar a cor do cabelo grisalho

NEW YORK – Esta é uma medicação que não estará tão cedo disponível nas drogarias, mas um tipo de tratamento genético chamado reparo do gene pode um dia substituir a tintura como forma de cobrir cabelos grisalhos, sugerem pesquisadores dos EUA.

De acordo com um artigo na edição de janeiro da Nature Biotechnology, a alteração de uma mutação genética no folículo capilar restaurou a pigmentação nos pêlos de camundongos albinos. O estudo é o primeiro a demonstrar que a manipulação genética pode corrigir uma seqüência genética danificada no folículo capilar, escrevem os autores.

"A terapia genética pode realmente ter dado um passo à frente," declarou em um editorial Robert M. Hoffman, presidentes da Anticancer, Inc. uma empresa sediada em San Diego, Califórnia, que desenvolve produtos para diagnosticar e tratar o câncer.

Enquanto o estudo sugere que certas moléculas de uma seqüência corretiva de DNA podem ajudar a restaurar a pigmentação em camundongos, estudos semelhantes estão sendo agora conduzidos em humanos, de acordo com a equipe de pesquisa da Universidade Thomas Jefferson e Escola de Medicina Jefferson e Universidade da Pensilvânia na Filadélfia.

Kyonggeun Yoon, um professor associado do departamento de dermatologia e biologia cutânea da Escola de Medicina Jefferson, explicou a técnica. "Os camundongos albinos tinham mutações na tirosinase, uma enzima chave envolvida na síntese de melanina. Os cabelos grisalhos são causados pela perda de melanócitos devido ao processo do envelhecimento," disse Yoon à Reuters Health.

Os pesquisadores aplicaram moléculas, chamadas oligonucleotídeos quiméricos, a camundongos albinos que tiveram o seu pêlo removido. As moléculas foram aplicadas topicamente a 4 camundongos ou injetada na pele de 11 deles.

Poucas semanas após o tratamento, um pequeno número de fios pigmentados cresceu nas áreas que foram expostas aos oligonucleotídeos. Exames revelaram que a seqüência chave de DNA foi reparada e a atividade da enzima chave foi restaurada, apesar de que o mecanismo da correção genética não tenha sido ainda demonstrado, disse Yoon.

A cor foi encontrada em somente um pequeno número de pêlos e desapareceu 3 meses depois da última aplicação, contudo. Os autores explicam que o aumento da oferta do DNA ao folículo capilar, correção da mutação no estágio correto do crescimento capilar ou correção das células germinativas na pele pode levar a resultados mais permanentes.

Os pesquisadores mostraram anteriormente que o reparo genético poderia ser usado para restaurar a pigmentação em células de pele de camundongos albinos cultivadas pela correção da mutação da enzima responsável pela produção do pigmento melanina.

Em seu editorial, Hoffman nota que o estudo oferece "possibilidades excitantes...de modificação das características capilares." O folículo capilar "permanece como um dos alvos mais promissores para tratamento genético mais eficaz, útil, seguro e lucrativo," ele acrescenta

FONTE: Nature Biotechnology 2000;18:20-21, 43-47.
Publicado em Bibliomed Saúde em 13/01/2000

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