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Disfunções Sexuais Femininas

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste artigo:

- Introdução
- Classificação
- Quais são as causas das disfunções sexuais?
- Abordagem básica para o tratamento
- Tratamento das disfunções específicas

Introdução

A atividade sexual é um processo extremamente complexo, sendo composto de uma interligação de vários sistemas orgânicos (neurológico, endócrino e vascular), estados psicológicos, características socioculturais e religiosos. É muito influenciada por estados mórbidos diversos, pelo envelhecimento, pelos relacionamentos e pelas experiências anteriores. Quaisquer alterações nessa ampla gama de fatores, pode levar a alterações nas várias fases do processo sexual.

Estima-se que de 19% a 50% das mulheres têm disfunções sexuais. Este número se estende para 68% a 75% quando são incluídas as insatisfações sexuais não relacionadas com as disfunções sexuais propriamente ditas.

Classificação

As disfunções sexuais nas mulheres são classificadas em: disfunções de desejo, de excitação e de orgasmo e as dores sexuais - dispareunia e vaginismo. Para que um médico possa identificar o distúrbio em questão, é importante que ele possa obter um conjunto de informações detalhadas sobre diferentes aspectos da vida da paciente. Por isso, a importância de uma relação de confiança paciente-médico, onde haja uma abertura para esse tipo de abordagem.

Deve-se distinguir as disfunções de acordo com seu padrão temporal entre situacional ou global, pois pode ser que esteja havendo problemas com um parceiro específico, num momento específico, ao contrário das disfunções, que ocorrem independentes do parceiro. Deve-se também certificar da presença de mais de uma disfunção, devido ao fato de que muitas vezes possa haver sobreposição das mesmas. Por exemplo, uma paciente queixando-se de diminuição do desejo sexual, pode estar tendo uma incapacidade orgásmica, o que por sua vez é a verdadeira causa do distúrbio. Assim, o tratamento da disfunção orgásmica restabeleceria o desejo sexual, enquanto que o tratamento da disfunção de desejo não daria resultados satisfatórios.

O exame físico realizado pelo médico visa a descoberta de alterações nos órgãos genitais ou outras áreas que possam explicar os sintomas apresentados. Por isso, a importância da cooperação da paciente e de suas informações no momento do exame.

Quais são as causas das disfunções sexuais?

Várias são as causas que para uma maior compreensão didática e são dividas em vários grupos. Condições médicas em geral podem ser causas diretas ou indiretas desses distúrbios. Doenças vasculares associadas com diabetes podem levar a uma diminuição da excitação sexual; doenças do coração e pulmões podem dificultar a atividade sexual devido à falta de ar que essas podem causar; incontinência urinária pode levar a desconforto e vergonha diminuindo a atividade sexual. Tratamentos adequados das doenças crônicas podem levar a uma melhora clínica, facilitando a atividade sexual.

O uso de drogas, sejam elas ilícitas, devido à automedicação ou necessárias para tratamento de alguma condição médica (antidepressivos, ansiolíticos, lítio, digoxina, alguns anti-hipertensivos, contraceptivos orais, antialérgicos, etc), cigarro e álcool também podem ser responsáveis por distúrbios sexuais.

Problemas ginecológicos contribuem fisicamente para dificuldades sexuais, como cistite, câncer de mama (diminui a simbolização sexual feminina) e outras enfermidades. As mudanças ginecológicas durante a vida de uma mulher podem mudar sua sexualidade: puberdade, gravidez, período pós-parto e climatério.

Na puberdade, pode haver problemas quanto à identidade sexual, imaturidade psíquica e orgânica que gera incertezas e inseguranças. A gestação e período pós-parto estão geralmente associados com uma diminuição do desejo sexual, que pode se prolongar na lactação. O estado de hipoestrogenismo (diminuição de estrógeno – um hormônio feminino muito importante na regulação do ciclo menstrual dentre várias outras coisas) desencadeado pela menopausa, pode levar a alterações no humor, ressecamento da vagina, o que pode trazer, além de uma diminuição do desejo sexual, alguma dor com relação ao ato em si (dispareunia).

Abordagem básica para o tratamento

Educação - procure informações do seu médico sobre a anatomia, funções dos órgãos, mudanças corporais, para que se possa entender melhor o funcionamento do seu corpo. Peça a seu médico, informações escritas através de folhetos e discuta suas dúvidas abertamente.

Estimulação e diminuição da rotina - use materiais eróticos que possam promover uma maior excitação, a masturbação pode aumentar a familiaridade com o parceiro e aumentar as sensações prazerosas, a comunicação durante o ato sexual pode ter o mesmo papel, a mudança de horários e locais do ato sexual pode ser outra alternativa.

Técnicas de distração - fantasias eróticas ou não, contração e relaxamento dos músculos pélvicos durante o ato sexual.

Troca de carícias não coitais - fazer massagens sensuais em locais diferentes dos órgãos genitais, com a comunicação entre os parceiros sobre como sentem durante tais manipulações, pode promover um maior conhecimento dos desejos mútuos.

Diminuição da dispareunia (dor à penetração) - pode ser feito através de pomadas a base de lidocaína, banhos mornos antes do ato, agentes lubrificantes, posições que não possibilitem um contato forte do pênis com o fundo da vagina.

Tratamento das disfunções específicas

Disfunção do Desejo Sexual

São mais difíceis de tratar por que geralmente estão relacionados com e a monotonia nas relações, ou também devido a problemas conjugais. Em mulheres na pré-menopausa, pode estar relacionado com estresses do dia a dia (crianças, trabalho), medicamentos ou outra disfunção sexual (dor ou problemas orgásmicos). Em mulheres, na peri ou pós-menopausa, a reposição hormonal pode trazer benefícios de várias maneiras, assim, deve-se avaliar com o ginecologista a possibilidade de fazê-la.

Não há tratamento médico específico para esse distúrbio e caso não sejam encontrados problemas hormonais ou outros distúrbios sexuais, deve-se encaminhar a paciente para profissionais especializados em terapia sexual. Não há consenso médico de que o uso da testosterona poderia beneficiar este grupo de mulheres.

Disfunção da Excitação Sexual

O tratamento dessa disfunção tem sido a utilização de cremes lubrificantes vaginais. Esses distúrbios podem ser devido a uma baixa estimulação, especialmente em mulheres mais velhas. Por isso, deve-se demorar mais para a penetração sexual, para que uma maior estimulação seja possível. A ansiedade pode também diminuir a excitabilidade sexual. Técnicas de relaxamento são importantes para a sua diminuição.

A atrofia urogenital é a forma mais comum de disfunção de excitação sexual em mulheres pós-menopausa (devido à diminuição do estímulo estrogênico ao epitélio urovaginal) e pode ser tratada com a reposição hormonal, associada ao uso local de pomadas de estrogênio. Isso deve ser avaliado pelo ginecologista. Naquelas mulheres que não podem fazer a reposição hormonal, o tratamento fica mais difícil. Novas formas de terapia estão sendo estudadas, mas até o momento o sildenafil não é recomendado para tal fim, apesar de haver informações do público leigo a esse respeito.

Desordens Orgásmicas

A anorgasmia é bem responsiva à terapia. É uma situação comum devido à inexperiência sexual ou à ausência de estimulação suficiente, em mulheres que nunca experimentaram um orgasmo. Pode ocorrer também devido a inibições psicológicas involuntárias ou causadas por medicações ou doenças crônicas.

O tratamento se resume em aumentar a estimulação, exercícios de contração e relaxamento da musculatura pélvica no momento máximo de estimulação, métodos para minimizar a inibição através de diferentes formas de distração. Mulheres que não respondem a tais medidas podem se beneficiar de um acompanhamento psicológico.

Dores do Coito

A Dispareunia (dor sexual) pode ser dividida em três tipos: superficial, vaginal e profunda. A forma superficial ocorre na tentativa da penetração e está relacionada com alterações secundárias a condições irritativas ou ao vaginismo.

A forma vaginal é uma dor referida como fricção, ou seja, é devida a problemas de lubrificação vaginal como alterações hormonais e distúrbios de excitação. A forma profunda está relacionada com o contato do pênis com o fundo da vagina, e está geralmente associada a distúrbios pélvicos ou de relaxamento.

O Vaginismo é a contração exagerada dos músculos da porção externa da vagina e está geralmente relacionado com fobias sexuais e história de abuso sexual infantil. Pode ser completo ou momentâneo, sendo possível não ser detectado ao exame físico. O tratamento se faz através de técnicas de relaxamento muscular progressivo e dilatação da vagina contraída.

De acordo com as informações acima, pode-se ter uma ideia se tais problemas estão fazendo parte de sua vida sexual, o que talvez, pode ser interpretado como algo normal ou como algo sem solução. Caso você possua alguma dessas disfunções, consulte seu clínico geral ou ginecologista.

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