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Doença de Crohn – tratamento

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Como é feito o tratamento da doença de Crohn?
- Existe tratamento cirúrgico?

Como é feito o tratamento da doença de Crohn?

Infelizmente, não existe nenhum tratamento capaz de curar a doença de Crohn. No entanto, as terapias disponíveis atualmente permitem controlar os sintomas satisfatoriamente. Os medicamentos atuam reduzindo o processo inflamatório anormal, que acomete a mucosa intestinal, permitindo a cicatrização das lesões causadas pela doença. Além disso, eles conseguem aliviar de maneira significativa os sintomas de diarréia, sangramento retal e dor abdominal.

Os principais objetivos do tratamento são atingir a remissão (ausência de sintomas) e, uma vez que isso for conseguido, manter o paciente nesse estágio da doença. Alguns dos medicamentos empregados no tratamento da doença de Crohn podem ser usados para essas duas finalidades, porém em diferentes dosagens e por tempo também diferente.

Não existe um tratamento padronizado para todos os pacientes com doença de Crohn. Dessa forma, a abordagem terapêutica deve ser individualizada, porque cada pessoa reage de maneira diferente à doença e ao tratamento. Algumas das drogas recomendadas já são usadas há bastante tempo. Outras, são desenvolvimentos recentes. Os medicamentos mais empregados fazem parte de um de três grupos principais:

1. Aminosalicilatos

Esse grupo de medicamentos inclui agentes semelhantes à aspirina, contendo um grupamento químico denominado 5-aminosalicilato (5-ASA). Exemplos de representantes desse grupo são: sulfasalazina, mesalamina, olsalazina e balsalazina. Esses medicamentos, que podem ser administrados por via oral ou retal, alteram a capacidade de o organismo desencadear e manter um processo inflamatório. São eficazes no tratamento dos episódios leves a moderados, de exacerbação da doença de Chron. Além disso, também são úteis na prevenção das recaídas.

2. Corticosteróides

Esse grupo de medicamentos inclui agentes como a prednisona e a prednisolona, os quais também alteram a capacidade de desenvolvimento e manutenção de resposta inflamatória. Além disso, eles têm função de deprimir a ação do sistema imunológico. Os corticosteróides são empregados no tratamento de pacientes com doença de Crohn moderada a grave, podendo ser administrados por via oral, retal ou intravenosa. Também são eficazes no controle a curto prazo dos episódios agudos, ou seja, recaídas. No entanto, os corticosteróides não estão indicados para o tratamento de manutenção a longo prazo, devido aos seus vários efeitos colaterais deletérios.

A budesonida é um corticosteróide não-sistêmico que pode ser usado no tratamento da doença de Crohn leve a moderada. Por não ser sistêmica, causa menos efeitos colaterais. Se o paciente não consegue ficar sem usar corticosteróide, devido ao desenvolvimento de recaídas após a suspensão do medicamento, poderá ser necessário associar outros medicamentos.

3. Imunomoduladores

Incluem agentes como a azatioprina, a 6-mercaptopurina e a ciclosporina. Esses medicamentos basicamente deprimem a atividade do sistema imunológico, de forma que ele não pode mais causar o processo inflamatório crônico característico da doença de Chron. Geralmente são administrados por via oral. Os imunomoduladores são empregados no tratamento de pacientes nos quais os aminosalicilatos e os corticosteróides não foram eficazes ou o foram apenas parcialmente. Podem ser úteis na redução ou eliminação da dependência de corticosteróides. Além disso, podem ser empregados para manutenção da remissão da doença, em pacientes nos quais outros medicamentos não conseguiram cumprir esse propósito. Esses medicamentos podem levar até três meses para começarem a atuar.

4. Terapia Biológica

A mais nova classe de medicamentos para tratamento das doenças inflamatórias intestinais inclui o infliximab. Está indicado para os pacientes com doença de Crohn moderada a grave, que não responderam ao tratamento convencional empregado adequadamente. Também é eficaz na redução do número de fístulas formadas. O infliximab é um anticorpo que se liga a um mediador inflamatório chamado de fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), o qual tem papel fundamental nesse processo. Esse agente pode ser eficaz na tentativa de retirada dos corticosteróides e também para manter a remissão da doença.

Atualmente, outras terapias biológicas estão em estudo. O adalimumab já foi aprovado para o tratamento da artrite reumatóide, e o natalizumab para tratamento da esclerose múltipla.

5. Antibióticos

O metronidazol, a ciprofloxacina e outros antibióticos podem ser empregados quando ocorrem infecções nos pacientes com doença de Crohn, como abscessos intra-abdominais.

Existe tratamento cirúrgico?

Muitos pacientes com doença de Crohn respondem bem ao tratamento clínico, não necessitando de cirurgia em nenhum momento de suas vidas. No entanto, entre 66% e 75% dos pacientes irá necessitar de cirurgia, em algum momento. As indicações para o tratamento cirúrgico da retocolite ulcerativa estão bem definidas, não suscitando muitas dúvidas. Porém, isso não existe para a doença de Crohn, que é uma doença complexa, de tratamento difícil, principalmente quando envolve a cirurgia.

A cirurgia pode-se tornar necessária quando os medicamentos deixam de ser eficazes no tratamento da doença, ou seja, no controle dos sintomas. Além disso, um procedimento cirúrgico pode ser necessário para a correção de um fístula ou de uma fissura. Outra indicação de cirurgia é a presença de obstrução intestinal ou outra complicação, como abscesso intestinal. Em muitos casos, o segmento intestinal doença e qualquer abscesso associado são removidos, em um procedimento denominado de ressecção. Então, as duas bordas de intestino saudável são novamente unidas, em um processo chamado de anastomose.

Embora a ressecção do segmento doente e anastomose permitam a vivência de muitos anos sem sintomas, essa cirurgia não é considerada curativa para a doença de Crohn, já que a doença costuma recorrer no local da anastomose ou próximo a ela.

Às vezes uma ileostomia pode ser necessária, quando realiza-se a cirurgia para tratamento da doença de Crohn que acomete o cólon. Após a remoção do cólon, o cirurgião traz a borda de intestino delgado até a pele e sutura as duas. Assim, as evacuações e gases passam a ser coletados em uma bolsa aderida à parede abdominal. Geralmente, esse procedimento é realizado quando a doença acomete o reto, fazendo com que não possa ser usado na realização da anastomose.

O objetivo principal da cirurgia, na doença de Crohn, é a conservação do intestino e o retorno do paciente à melhor qualidade de vida possível. Ao contrário da colite ulcerativa, a cirurgia para a doença de Crohn não representa a cura.

Copyright © 2008 Bibliomed, Inc.                                        30 de janeiro de 2008.