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Depressão – diagnóstico e complicações

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Como é feito o diagnóstico de depressão?
- Quais as complicações da depressão?

Como é feito o diagnóstico de depressão?

Muitos pacientes com depressão não procuram atendimento especializado, com psiquiatria, permanecendo em acompanhamento com o clínico geral. No entanto, às vezes é difícil para esse profissional reconhecer esse problema em alguns casos. Além disso, os próprios pacientes tendem a ser incapazes de assumir seu problema. Em um estudo, observou-se que, embora 21% dos pacientes que consultaram com seu médico, estivessem deprimidos, apenas 1% descreveu seu problema como sendo depressão.

Outro problema é que a depressão pode ser confundida com outras doenças. Por exemplo, a perda de peso e a fadiga, que podem estar presentes na depressão, estão associadas a várias doenças, algumas tão graves como os cânceres. Embora nem todos os pacientes que consultam de rotina devam ser rastreados para a presença de depressão, aqueles que apresentem fatores de risco devem ser avaliados. Pacientes com as seguintes características devem ser adequadamente rastreados para depressão:

  • História prévia ou familiar de depressão;
  • Pacientes portadores de várias doenças concomitantes;
  • Pacientes com sintomas variados sem causa definida;
  • Pacientes com dor crônica;
  • Pacientes que consultam com seu médico com freqüência maior do que a esperada.

1) Testes de Rastreamento

Um especialista em saúde mental (psiquiatra, psicólogo) é o profissional mais adequado para a definição do diagnóstico de depressão. Eles estão aptos a aplicar questionários de rastreamento, embora se saiba que esses testes são limitados e que, em grande parte das vezes, os profissionais definem o diagnóstico de depressão com base nos sintomas apresentados pelo paciente e outros critérios.

2) Descartando Tristeza e Solidão

- Tristeza: os sintomas de tristeza (luto) são muito parecidos com os de depressão, de forma que às vezes pode ser muito difícil diferenciar as duas situações. A tristeza é considerada uma reação normal e importante, na vivência da perda. Ele segue, geralmente, um curso característico:

  • A tristeza normal, ou luto, tem uma duração limitada, de forma que em indivíduos sem outros problemas emocionais, essa tristeza dura entre três e seis meses.
  • A pessoa que apresenta esse fenômeno de tristeza costuma passar por fases definidas como: choque e negação, isolamento/solidão, desespero, alienação social e raiva.
  • O período de recuperação, no qual a pessoa volta a viver normalmente, dura aproximadamente o mesmo tempo que o período de tristeza.

Se, após esse período, a tristeza ainda for grave, ela pode afetar a saúde da pessoa ou aumentar o risco de depressão. Alguns autores recomendam que esses indivíduos sejam diagnosticados como tendo um "distúrbio do luto complicado", merecendo tratamento específico.

- Solidão: é condição frequentemente confundida com depressão. Enquanto a depressão e a solidão andam lado a lado, alguns autores recomendam que os indivíduos com solidão sejam tratados eficazmente como deprimidos. A solidão debilitante caracteriza-se por sofrimento extremo, sentimento de vazio, expectativas irreais sobre a vida e sentimento de alienação do convívio com os outros. As pessoas tímidas apresentam maior propensão à solidão.

Quais as complicações da depressão?

De uma forma geral, a depressão é uma doença crônica que se caracteriza por períodos de piora e melhora dos sintomas. Estima-se que 33% dos pacientes que apresentam um episódio depressivo apresentarão novo episódio dentro de um ano após a interrupção do tratamento, e mais de 50% apresentarão recorrência em algum momento de sua vida. O risco de recorrência é maior quando o primeiro episódio é mais grave e dura mais tempo, bem como se o paciente já teve algum episódio de recorrência.

1) Risco de Suicídio

Aproximadamente 90% dos casos de suicídio são devidos a causas tratáveis, mais comumente a depressão e o abuso de drogas. Os pacientes deprimidos apresentam um risco de suicídio que chega a 15%, sendo maior entre aqueles que estão hospitalizados. Os homens com depressão são mais propícios a cometer suicídio, quando comparados às mulheres, sendo o suicídio mais comum em pacientes com idade superior a 60 anos. Vale lembrar que a ideação suicida deve ser tratada agressivamente, em qualquer pessoa.

2) Efeitos na Saúde Física

O transtorno depressivo maior parece estar associado à redução do tempo de vida, em idosos e outros pacientes com doenças graves, independentemente da doença concomitante. Mesmo o transtorno depressivo menor parece estar associado a menor sobrevida, em homens (mas não em mulheres). Nesse contexto, parece que a redução da prática de atividade física e de convívio social, estão associados a essa piora na doença física concomitante. Alguns autores acreditam que a depressão produza algumas alterações que biológicas que poderiam ser responsáveis por seus efeitos deletérios na saúde física: os baixos níveis de serotonina ativariam respostas orgânicas de estresse, que causariam problemas da coagulação do sangue, inflamação e lesão nos órgãos.

- Doenças cardíacas: a depressão aumenta a ocorrência e a gravidade dos ataques cardíacos, de acidente vascular encefálico ("derrame"), e morte após esses eventos.

- Idosos: a depressão está associada a declínio do funcionamento cerebral e à osteoporose, nesses pacientes.

- Obesidade: apresenta fatores de risco em comum com a depressão, como o baixo nível socioeconômico e o sedentarismo.

- Aumento da sensação de dor: a depressão se associa a relato de dor mais intensa, em pacientes portadores de doenças que se apresentam com dor crônica (como artrite e fibromialgia).

- Câncer: ainda não se conhece muito bem a associação entre depressão e câncer, porém sabe-se que a depressão e a ansiedade pioram em muito a qualidade de vida dos pacientes portadores de doenças malignas.

3) Impacto nas Atividades do Dia-a-Dia e nos Relacionamentos

- Efeitos da depressão dos pais nas crianças: quando os pais apresentam depressão, as crianças podem sofrer impacto significativo, além do aumento do risco de depressão na idade adulta. Parece que ela está associada ao aumento do risco de várias outras doenças.

- Efeitos no casamento: em um estudo, observou-se que metade dos pacientes que apresentavam depressão antes ou durante o primeiro casamento divorciava-se, em comparação a uma porcentagem de 36% entre os indivíduos sem depressão. Os (as) companheiros (as) de pacientes deprimidos (as) apresentam risco aumentado de depressão.

- Efeitos no trabalho: é bem reconhecido que a depressão afeta a vida profissional do paciente. Aumenta bastante o risco de desemprego e de baixa renda.

4) Abuso de Substâncias

- Abuso de álcool e outras drogas: estima-se que um quarto dos pacientes alcoólatras, ou usuários de outras drogas, apresentam também depressão. Ainda não está bem definida a relação entre depressão e alcoolismo, se um é causa do outro ou se eles compartilham da mesma base biológica.

- Tabagismo: a depressão é um fator de risco bem conhecido para tabagismo, além de aumentar o risco de início precoce desse vício. A nicotina ativa receptores no cérebro que podem melhorar o humor, em determinadas pessoas.

Copyright © 2007 Bibliomed, Inc.                                        14 de junho de 2007