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A gripe vem chegando. Cuide-se !

Neste Artigo:

- Gripe e Resfriado
- Para Entender o Influenza
- Mutação do Influenza é Identificada em Hong Kong
- Novas Armas Contra a Gripe
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"Mal começou o outono, e o vírus da gripe (influenza) já começa a causar suas vítimas. A partir de maio, a tendência é que o número de casos de gripe aumente até atingir o ápice, entre os meses de junho e julho. A propósito, você sabe distinguir entre gripe e resfriado?".

Gripe e Resfriado

Em geral, resfriado é uma doença mais leve que a gripe. Vai atacando gradualmente a pessoa, com tosses irritativas e dores e cansaço leves. Coriza e dor de garganta são comuns e a dor de cabeça ocorre raramente. Já a gripe vem de súbito - é praticamente possível distinguir a hora exata em que ela começou, provocando tosse seca, febre alta ( 38º.C ou mais), dores musculares fortes, mal estar geral.

Com pelo menos dois destes sintomas, já é possível ter praticamente 70% de certeza do diagnóstico de gripe. O período de incubação da gripe é de um a três dias e, no geral, os efeitos permanecem por uma semana, variando conforme o paciente.

E como você nunca sabe quando a gripe é 'daquelas brabas', como se diz popularmente, o ideal é procurar orientação médica tão logo os sintomas se manifestem, aconselha o Dr. João Toniolo Neto, geriatra e médico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que lidera o projeto VigiGripe. De acordo com o médico, cerca de 15% da população é anualmente atingida pelo vírus influenza, que ataca todas as faixas etárias e é particularmente danoso aos idosos e àqueles que possuem doenças pré-existentes, como problemas cardíacos ou a diabetes.

"Estima-se que ocorram de 10 a 15 mil mortes por ano no Brasil por quadros iniciados pelo Influenza e que acabam derivando em pneumonias ou descompensando doenças crônicas, como as cardíacas ou a diabetes, ou outras pré-existentes", relata o Dr. Toniolo em entrevista exclusiva a esta reportagem. Estas mortes ocorrem predominantemente entre os idosos.

A identificação precoce do Influenza permite a rápida administração dos antivirais, medicamentos recentemente descobertos e que são capazes de "parar" a gripe. Diferentemente dos conhecidos "antigripais", que tratam apenas os sintomas, os antivirais agem sobre uma partícula do vírus chamada "neuraminidase", que, segundo o Dr. Toniolo, não se altera, apesar da característica altamente mutante que os vírus como os da gripe possuem.

"Se, nas primeiras 48h em que os sintomas da gripe se manifestam, o paciente administrar estas drogas inibidoras de neuraminidase, ele poderá impedir que o vírus se multiplique e a doença se manifeste com toda a sua força", explica o especialista.

Para Entender o Influenza

O myxovirus influenzae, ou simplesmente "vírus influenza", é o agente causador da gripe, sendo conhecido em três versões: tipo A, B e C . Os dois primeiros causam doenças respiratórias mais agudas e o último (C) é mais brando. Desde 1994 o Brasil têm vacinas, com cepas do vírus do tipo A e do tipo B, que são formuladas de acordo com preceitos da Organização Mundial de Saúde e aplicadas individualmente em pessoas com algum tipo de patologia, como asma, casos de diabetes e, durante campanhas, em idosos (acima 65 anos).

Apesar de a medicina estar relativamente avançada no combate a doenças contagiosas, a gripe poderá ocorrer ainda por um tempo ilimitado. Isto porque os vírus são mutantes. Ou seja, eles se modificam na reprodução, para fugir aos medicamentos. De acordo com o Dr. Toniolo, que vai lançar no dia 19 de junho um livro chamado "A História da Gripe", pela Dezembro Editorial, mutações leves do Influenza ocorrem anualmente.

"A cerca de cada 20 ou 40 anos, o vírus muda completamente, não sendo mais reconhecido pelo organismo, o que acaba provocando as pandemias, como foi à famosa Gripe Espanhola, que em 1918 matou cerca de 30 a 40 milhões de pessoas", relata o médico. De lá para cá a situação é ainda mais grave, pois, se naquela época o vírus demorava cerca de 4 meses para correr ao redor do mundo, hoje, com o avanço dos meios de transporte, leva cerca de 4 dias.

A última pandemia registrada pelos cientistas ocorreu em 1968-1969 e foi conhecida como "Hong Kong". As últimas grandes epidemias de gripe vieram da região da Ásia, como a gripe asiática (1957). Há quatro anos, a ameaça reapareceu em Hong Kong, mas foi contida com o extermínio de todos os frangos e galinhas da ilha, que continham uma mutação do vírus. Ainda assim, a doença chegou a atingir 18 pessoas, e foram registradas seis mortes.

A previsão, agora, é que dentro de 7 ou 8 anos um novo ciclo de mutação do Influenza se conclua, provocando uma nova pandemia. O livro do Dr. Toniolo faz um levantamento histórico destas manifestações do Influenza, estudando-o desde as primeiras vezes em que foi relatado, 2000 anos antes de Cristo, até hoje, passando pela primeira vez que este ciclo de mutação foi identificado, por volta do ano 1500 d.C.

O monitoramento epidemiológico do vírus Influenza é uma atividade mundial desde 1947, mobilizando uma rede de 110 laboratórios espalhados em 80 países, sobre coordenação de três Centros de Referência vinculados à Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, os laboratórios atuantes no processo de vigilância são o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo; a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro; e o Instituto Evandro Chagas, de Belém.

Em paralelo existe o Projeto Vigigripe, desenvolvido por uma equipe de profissionais de saúde, lideradas pelo Dr. Toniolo, em conjunto com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que busca a pesquisa e o mapeamento de ocorrências.

Mutação do Influenza é Identificada em Hong Kong

O governo local de Hong Kong decidiu sacrificar, entre patos, gansos, galinhas e outras aves, mais de 1,2 milhões de pássaros existentes no país, para evitar a proliferação de um novo vírus da gripe (influenza). A medida foi tomada após a constatação de que mais de 800 galinhas que estavam à venda em mercados públicos continham uma variação do vírus influenza.

Novas Armas Contra a Gripe

O aparecimento de novos tipos de influenza coloca em alerta a vigilância internacional da gripe, porque torna ineficaz a vacina disponível. Nessas situações, a doença tem de ser combatida com os novos antivirais, já que não há tempo para a elaboração e aplicação em massa de uma nova vacina.

Liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para obtenção através de receituário comum, desde o último dia 07, o medicamento Tamiflu (Fosfato de Oseltamivir), do laboratório Roche, é apresentado como moderna fórmula contra a gripe, combatendo diretamente o vírus causador da doença. Trata-se de uma das duas fórmulas disponível no mercado. Se administrado nos primeiros dois dias após o aparecimento dos sintomas, promete abrandar a severidade e reduzir a duração da gripe em 40%. Segundo o Dr. Toniolo, existe também a droga Relenza, cujo nome genérico é Zanamivir e que possui a mesma propriedade.

Estes medicamentos atuam sobre uma das principais proteínas da superfície do vírus Influenza, a enzima chamada neuraminidase, já citada pelo Dr. Toniolo. Ao inibir essa enzima, o medicamento faz com que o vírus não consiga atacar outras células. Desde seu lançamento, nos Estados Unidos, onde também há a versão pediátrica, o medicamento já foi utilizado por mais de 1,2 milhões de pessoas durante as duas últimas temporadas de gripe.

"A desburocratização no uso do medicamento, que é eficiente, nos ajuda a combater a gripe. A vacina e o medicamento são complementares nessa luta contra o vírus, com o Tamiflu agindo quando já houver a doença", completa o geriatra da Unifesp.

Copyright © 2002 Bibliomed, Inc.               31 de Maio de 2002




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