Artigos de saúde

Diabetes: Uma Pandemia em Crescimento

"O Diabetes Mellitus é uma pandemia em crescimento", adverte a Federação Internacional de Diabetes, que sem deixar de observar o passado, tem o olhar em direção ao futuro. "Em 1996, cerca de 30 milhões de pessoas afetadas viviam na América, mais de um quarto dos diabéticos do mundo. Para o ano de 2010, espera-se que chegue a 40 milhões", destacam. Deles, cerca de 20 milhões serão da América Latina e Caribe.

As razões? "O crescimento deve-se ao aumento da expectativa de vida, tendo em conta que, quanto maior a idade, maiores as possibilidades do aparecimento desta doença, assim como, deve-se, também, ao estilo de vida moderno que é caracterizado por alimentação apressada, com alto teor de gordura e ao sedentarismo", informa o Dr. Mario Carlos Basile, diretor médico da Liga Argentina de Proteção ao Diabético.

Paradoxalmente, a possibilidade de viver mais anos mostra um problema antes quase inexistente, e o conforto da modernidade gera poucos deslocamentos e com isto outros incômodos. Porém, nem todos estão cientes da sua condição de diabéticos. Nos Estados Unidos um terço dos portadores de diabetes não conhece sua situação, enquanto que, na Argentina, como no resto da América Latina, somente a metade. "Estes dados estão em relação com o tema de difusão e informação sobre a doença, a cobertura médica e o controle da saúde", frisa o especialista que pertence ao Serviço de Diabetes do Hospital das Clínicas de Buenos Aires. O futuro seguirá mostrando diferenças parecidas. "Considera-se que a progressão do diabetes será maior nos países em desenvolvimento, entre os quais encontra-se a América Latina.

Entre as maiores dificuldades da região latino-americana, a Federação Internacional de Diabetes destaca o custo da medicação, em alguns países, e o escasso acesso à insulina e outros produtos relacionados ao controle desta doença, caracterizada por aumento da glicemia. "A Argentina é um dos lugares cuja insulina é uma das mais caras do mundo. O preço da insulina ultrapassa 45 dólares, e, dependendo do caso, é provável que essa quantidade de insulina seja insuficiente para o paciente", diz o especialista. A este custo, deve-se somar as seringas descartáveis, as tiras reativas para o controle diário, totalizando cerca de 100 dólares mensalmente. Recentemente, aprovou-se e regulamentou-se a lei 23.753, de validade nacional para obras sociais, que estabelece 100% de desconto na insulina, e 70% de cobertura nos gastos com tiras reativas. A legislação está pronta, o problema é sua aplicação.

O desafio é grande para toda América Latina, dado que a prevalência aumentará nos anos futuros. "Isto leva a uma necessidade maior de colaboração entre as associações de diabetes e a organização de federações para advertir sobre a doença e seus riscos na população em geral. Além do mais, - afirma a Federação Internacional de Diabetes - é necessário coordenar e adequar a educação sobre esta doença, assim como, criar a profissão de educadores em diabetes naqueles países em que ainda não estão presentes."

Perspectivas encorajadoras

Enquanto o futuro mostra maior quantidade de casos, a ciência não descansa na sua busca para conter o avanço da enfermidade. Recentemente, um grupo de investigadores canadenses foi notícia ao anunciar o bem sucedido implante de células pancreáticas em oito pacientes diabéticos. Deste modo, a fábrica de insulina voltaria a instalar-se no organismo, em princípio no fígado, e trabalharia, normalmente, regulando os níveis de glicose no sangue. Há décadas, uma linha de trabalho está buscando alcançar este objetivo, desta vez obteve-se uma nova combinação de drogas para prevenir que o enxerto seja rejeitado. "Em algum momento, estuda-se a possibilidade de clonagem de células, de modo que não ocorra rejeição ao próprio corpo nos implantes", afirma.

As perspectivas são encorajadoras, no que diversas técnicas de investigação dirigem-se ao diabetes, surgindo sensores de glicose que não necessitam de picadas. "São uma espécie de relógio que se coloca no punho e, através de um sistema de eletro-osmose, monitora a glicemia (glicose no sangue). Também nos EUA está sendo provada a insulina nasal, que seria absorvida através da mucosa", destaca.

Por outro lado, continuam trabalhando outras linhas de pesquisa, dedicadas a "desenvolver o pâncreas artificial, similar a um marcapasso". O tempo aponta outra técnica: "Através da engenharia genética está sendo estudada a enzima que permitirá regenerar as células do pâncreas danificadas".

O horizonte parece melhor em um futuro não muito longe. "Enquanto isso há que se esperar e aprender a utilizar os elementos que temos na atualidade. Com uma boa dieta, medicação, atividade física e educação adequada, a qualidade de vida - finaliza - é tão boa como a de uma pessoa que não apresenta diabetes".

Copyright © 2000 eHealth Latin America