Artigos de saúde
Jane Vail
NEW YORK – Um curso de musicoterapia de um mês de duração
melhorou o comportamento e os problemas com o sono em um grupo de pacientes com doença de
Alzheimer, relatam pesquisadores americanos. Eles creditam estas melhoras aos níveis
aumentados de secreção do hormônio melatonina, que "pode ter contribuído para o
humor relaxado e calmo dos pacientes."
Desde os tempos imemoriais, a música vem sendo reconhecida como um agente calmante e um
antídoto para o estresse e a tensão. O novo estudo indica que ouvir música afeta a
liberação de substâncias químicas cerebrais poderosas que pode regular o humor,
reduzir a agressividade e a depressão, e melhorar o sono.
"Muitos pacientes com doença de Alzheimer apresentam problemas comportamentais de
agressividade e agitação," disse o Dr. Ardash Kumar, co-autor do estudo e professor
associado de pesquisas no departamento de psiquiatria e ciências comportamentais na
Escola de Medicina da Universidade de Miami na Flórida. Ele disse à Reuters Health:
"Nós procuramos testar a teoria de que um programa estruturado de musicoterapia
teria um efeito calmante, e pensamos que pacientes agitados ou agressivos (com doença de
Alzheimer) poderiam se beneficiar deste tratamento natural."
Kumar e colaboradores estudaram o efeito da musicoterapia através de cinco substâncias
químicas cerebrais (melatonina, norepinefrina, epinefrina, serotonina e prolactina) que
funcionam em conjunto para influenciar o estado mental. "Áreas diferentes do
cérebro são estimuladas em certas situações e liberam substâncias químicas no
sangue. Nós podemos medir os níveis destas substâncias para observar quais situações
promovem uma sensação de bem estar," disse Kumar.
O estudo foi conduzido no Centro Médico dos Veteranos de Miami. Vinte pacientes
masculinos com doença de Alzheimer participaram de um programa de musicoterapia por 30 a
40 minutos cinco vezes por semana por 4 semanas. Com o passar do tempo, os pacientes se
tornaram mais capazes de se identificar com as músicas e podiam requisitar as músicas de
sua preferência.
Amostras de sangue do grupo foram obtidas antes do início do programa, ao final das 4
semanas de terapia e 6 semanas após o final da terapia.
As análises do sangue indicaram que ocorreu um aumento significativo nos níveis
sangüíneos de melatonina após a participação das sessões de musicoterapia e que o
aumento se manteve mesmo após o tratamento ser suspenso por 6 semanas. Os níveis de
epinefrina e norepinefrina aumentaram significativamente após as sessões de
musicoterapia mais retornaram aos níveis anteriores 6 semanas após a parada com as
sessões. Os níveis de serotonina e prolactina não foram influenciados pela
musicoterapia.
Talvez por causa dos níveis aumentados de melatonina os pacientes que participaram do
estudo se tornaram mais ativos, dormiram melhor, e foram mais cooperativos com as
enfermeiras.
Os resultados do estudo, que foi publicado na edição recente da Alternative Therapies,
podem ter também aplicações mais amplas. "O relaxamento com este tipo de música
que acalma é muito benéfico," disse Kumar. "Para promover uma sensação de
calma e bem estar, você pode ouvir sua música suave favorita quando estiver comendo,
antes de dormir e quando quiser relaxar. A musicoterapia pode ser uma alternativa mais
segura e eficiente para muitos medicamentos psicotrópicos. Assim como a meditação e a
ioga, ela pode ajudar a você a manter seu equilíbrio hormonal e emocional, mesmo durante
períodos de stress ou doença."
FONTE: Alternative Therapies 1999;5:49-57.
Publicado em Bibliomed Saúde em 07/02/2000
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